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Projeto da Biblioteca Comunitária Flutuante no Lago Mamori, na Amazônia (Foto: Divulgação/Atelier Marko Brajovic)

 

As águas do Lago Mamori, na Floresta Amazônica, ganharão uma biblioteca comunitária flutuante até o fim do ano, como parte de um projeto inédito que propõe um processo colaborativo com a comunidade local. Realizada pelo Atelier Marko Brajovic, a iniciativa planeja uma integração com outras comunidades e escolas, uma vez que o projeto envolve a construção sustentável e a educação.

A proposta nasceu a partir das dificuldades de acesso da população local a bibliotecas observadas pelo arquiteto e designer Marko Brajovic. Como a mobilidade pela região é feita de maneira majoritariamente fluvial, a saída foi propor uma estrutura flutuante móvel que pudesse ser administrada localmente, solucionasse questões de acessibilidade e de energia e agregasse novas técnicas de flutuação.

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O plano é erguer a biblioteca flutuante com materiais locais e reciclados integrados – a exemplo de garrafas pet como telhas – em contraponto ao uso de objetos e técnicas de construção introduzidos de fora, que desgastam a qualidade de vida da cultura local.

“A ideia é que ela seja construída completamente no local e que tudo fique com as comunidades’’, frisa o profissional, natural da Croácia e que estreitou os laços com a população local da Amazônia a partir de 2005, quando ministrou um curso sobre arquitetura sustentável com alunos estrangeiros.

A flexibilidade de uma arquitetura flutuante é justamente para atender várias comunidades e também ser adaptável às mudanças da água, que tem uma maré que sobe por volta de 8 a 10 metros por ano

Marko Brajovic, arquiteto e designer

A criação começou a ganhar corpo há dois anos, mas acabou saindo do papel quando foi contemplada no início do ano passado com um edital sobre projetos artísticos e sociais sensíveis às mudanças climáticas oferecido pelo Goethe Institute e pela Prince Claus Fund.

Como 2020 mostrou-se um ano atípico em razão da pandemia de coronavírus, o calendário de construção e entrega foi alterado. O projeto foi desenhado em dezembro passado e, no começo do ano, um protótipo foi feito, assim como um treinamento com a comunidade. Parte da estrutura já foi montada e, ao passar dos meses, a construção foi interrompida. Porém, Marko prevê que a biblioteca esteja pronta em novembro.

Início da estrutura da Biblioteca Comunitária Flutuante no Lago Mamori (Foto: Divulgação/Atelier Marko Brajovic)

 

A primeira remessa de 200 de livros será doada pela ONG Vaga Lume e a cada ano um novo suprimento de 100 livros com tendência educacional e sustentável preencherão as prateleiras. Ao centro do recinto flutuante, Marko explica que haverá uma mesa central que pode servir como ponto de discussão para temas locais entre os indivíduos.

De acordo com o arquiteto, o espaço “valoriza as estruturas familiares e sociais da região, também empoderando as comunidades femininas, tendo um impacto seguramente social e econômico em se produzir tudo localmente com a comunidade’’.

O impacto da iniciativa na vida regional só será medido após a inauguração do espaço, mas Marko adianta que esse processo começa antes mesmo de a biblioteca ganhar as águas da Amazônia. “O impacto de você construir localmente com as comunidades é muito positivo, há uma troca de conhecimento, ideias, técnicas, tecnologia e construção. E também há uma valorização do conhecimento local, que é muito importante’’, ressalta o arquiteto.

Interior do projeto da Biblioteca Comunitária Flutuante na Amazônia (Foto: Divulgação/Atelier Marko Brajovic)

 

Ainda a ser lançada, a biblioteca já serve de inspiração para outros projetos comunitários semelhantes que utilizam a tipologia arquitetônica flutuante e recicla os materiais locais. “Imagino que o lançamento dessa primeira biblioteca vai abrir portas para que se produza o modelo em outras regiões e dê acesso a livros de educação ambiental para crianças e adultos’’, aposta Marko.
Source: Rural

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