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Aposta da organização da Agrotins é em demanda reprimida por máquinas em meio ao planejamento do plantio da próxima safra(Foto: Divulgação)

 

Para aproveitar o recorde da produção brasileira de grãos, a organização da Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins) resolveu fazer o evento em formato 100% digital para a sua 20ª edição. Considerada uma das mais importantes da região Norte, a feira começa nesta quarta-feira (27/5) e vai até a próxima sexta-feira (29/5).

A programação prevê palestras, leilões da pecuária e a exposição de máquinas, equipamentos e insumos. Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura do Tocantins (Seagro), responsável pela organização da Agrotins, mesmo no formato digital, a expectativa é superar os R$ 2,5 bilhões movimentados na edição de 2019.

A aposta é que, com o cancelamento ou a suspensão de outras feiras agropecuárias no país, a exemplo da Tecnoshow Comigo, Agrishow, AgroBrasília, ExpoLondrina, Bahia FarmShow, há um represamento nas vendas. Somados à Agrotins e à Expointer – que está prevista para acontecer entre agosto 29 de agosto e 6 de setembro -, esses grandes eventos ultrapassaram a marca de R$ 15 bilhões em geração de negócios no ano passado.

"Somente nós aqui no Tocantins estamos realizando uma feira e todos sabem que as condições de aquisição de máquinas e insumos são diferenciadas (em eventos), com juros mais baixos, prazos de pagamento alongados e incentivo do estado com ICMS", afirma o secretário da Agricultura de Tocantins, César Halum.

Segundo o secretário, a organização até cogitou o adiamento da feira para o segundo semestre. Mas o calendário agrícola pesou na decisão. Com a preparação da área para a safra 2020/2021 entre setembro e outubro e o prazo de entrega das fábricas variando entre 60 a 90 dias, não haveria tempo hábil para atender a demanda por maquinário.

Perspectiva positiva

Com a projeção feita pela Conab de 250,8 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2019/2020, o Brasil deve expandir a sua produção em 8,8 milhões de toneladas, ou 3,9% a mais em comparação ao período anterior. O Tocantins deve aumentar a colheita de grãos em 657 mil toneladas, para um total de 5,5 milhões de toneladas, crescimento de 13,6%.

“Se o produtor vai aumentar a produção, ele precisa de mais adubo, sementes e máquinas. Mesmo com essa ameaça de queda no consumo de alimentos no mundo, a pandemia mostrou que ninguém tem estoque suficiente”, afirma Halum.

Em março, o Banco do Brasil havia anunciado R$ 25 bilhões em crédito para produtores rurais, divididos entre financiamento, comercialização, capital de giro e investimentos. Agora, apesar da incerteza, o entendimento é que, mesmo de maneira mais seletiva, o produtor mantém a busca por maquinário visando altas taxas de produtividade.

Por isso, a instituição vai disponibilizar recursos para pequenos, médios e grandes produtores durante a Agrotins digital. "Procuramos fazer uma união de forças no sentido de continuar ofertando tecnologia", diz Felipe Zanella, superintendente de Varejo Centro-Oeste do BB.

"Quando se fala na aquisição de novas máquinas e tecnologias, pensamos na melhora do produto e da produção, o que vai fortalecer o mercado", completa Raul Wahbe, superintendente comercial de Varejo Palmas (TO) do banco.

Indústria

Do lado da indústria, a expectativa é positiva para o segundo semestre. Com exceção do setor sucroalcooleiro, pressionado pela queda na demanda interna por etanol e preços baixos no mercado internacional de petróleo, a produção agrícola manteve o bom nível de comercialização observada anterior à pandemia. Isso incentiva a tomada de crédito para novos financiamentos e renovação do maquinário.

“O Moderfrota foi utilizado um mês antes do fim da safra. Acabou em junho porque, mesmo diante da pandemia, os negócios estão andando. O campo não parou e os desembolsos para financiamentos entre janeiro a abril aumentaram 11%. Considerando toda essa confusão da pandemia, as vendas não estão ruins”, avalia o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos.

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Segundo o executivo, o setor vinha em um bom ritmo no primeiro trimestre, com crescimento de 6,5% nas vendas na comparação com igual período do ano passado. Em abril, por conta das restrições nas atividades na pandemia, foi necessária uma paralisação na indústria para ajustar a produção à demanda. Neste mês, os fabricantes de máquinas vêm operando com 60% a 90% da capacidade.

Segundo Bastos, sem substituir os eventos presenciais, a feira digital é um canal adicional. “Para as grandes empresa que possuem tecnologia instalada, com certeza é um bom canal. Está muito cedo para a gente entender se substitui ou mesmo supre completamente a necessidade das feiras presenciais. Mas com certeza é um canal a mais”, destaca. “Pouca gente utilizava os canais digitais. Com a Covid-19, as empresas começaram a usar mais.”

Expointer

Em nota, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (SEAPDR), responsável pela organização da Expointer, confirmou que já trabalha na preparação do evento junto às entidades organizadoras e à Secretaria de Saúde e que é "possível" uma redução no número de visitantes em relação à 2019, superior a 400 mil.

A pasta ressalta, ainda, que não foi discutido a adoção do formato digital. "Mas ao longo dos anos a feira vem se tornando cada vez mais digital. O que puder ser digital, certamente terá o nosso apoio", pontua
Source: Rural

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