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(Foto: Cristiano Martins / Arquivo / Ag. Pará )

 

O Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, divulgado terça-feira (26/5) pelo MapBiomas, aponta que a Amazônia recebeu 47.269 alertas de desmatamento no decorrer de 2019 e registrou perda de 770.148 hectares. Isso significa que 83% dos 56.867 alertas notificados no ano passado foram feitos no bioma.

Ao olhar a área desmatada diariamente, foram 2.110 hectares, o que representa cerca de 123 campos de futebol desmatados por hora na Amazônia. O relatório ainda possibilita identificar que os Estados do Pará, Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso correspondem a 78,8% dos alertas detectados e por 66% da área desmatada no ano passado.

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“A média de alertas por dia é maior na Amazônia e no Cerrado”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, durante apresentação do relatório. “A gente só olha onde foi detectado desmatamento. Certamente tem omissão de alerta”, disse.

Ele também explicou que omissões de alertas, velocidade do desmatamento subestimada e dependência da atualização de bases da dados oficiais, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), implicam em limitações para os dados do relatório.

Impunidade

 

Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mencionados no relatório do MapBiomas, estima-se que menos de 1% das áreas desmatadas na Amazônia entre 2005 e 2018 foram repreendidas por multas, ações civis públicas e embargos.

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Já a Human Rights Watch chama a atenção para as multas. Segundo a ONG, elas foram praticamente suspensas desde outubro de 2019 devido a um decreto do governo de Jair Bolsonaro e, apesar de agentes do Ibama terem aplicado milhares de multas, só em cinco casos os infratores foram obrigados a pagar a penalidade.

Esta impunidade pode encorajar a continuidade do desmatamento ilegal, segundo André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Ele explica que o relatório do MapBiomas mostra não apenas o aumento na taxa de desmatamento, mas o perfil de quem pratica.

Esse aumento do tamanho das áreas abertas nos mostra o perfil de quem desmata. Um hectare é cerca de R$ 2 mil para desmatar. Desmatar áreas de 200, 300 mil hectares é algo extremamente caro.  Esse aumento do tamanho de áreas desmatadas pontualmente é um crime muito bem organizado

André Guimarães, diretor-executivo do IPAM

Para o Observatório do Clima, a continuidade na abertura de terras está ligada à gestão do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Se fosse possível transcender da detecção do resultado do desmatamento para detectar o motivador do desmatamento, acho que grande parte dos alertas de desmatamento hoje estariam no Palácio do Planalto e no Ministério do Meio Ambiente”, destaca Marcio Astrini, diretor-executivo da entidade.
Source: Rural

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