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(Foto: Globo Rural)

 

O remanejamento dos abates entre os frigoríficos afetados pelo Covid-19 tem aumentado o risco de contaminações em outras unidades, avalia o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).

Em abril deste ano, quando 31 abatedouros de bovinos foram fechados no país por conta da doença, o Sistema de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura atendeu ao pedido de 29 turnos adicionais de abate ante 5 no mês anterior.

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“Quando uma das fábricas é fechada, a produção não para. Os animais são enviados para outros frigoríficos da mesma empresa, aumentando a necessidade de abates extras. Além disso, o mercado está aquecido”, conta o diretor de política profissional do Anffa Sindical,
Antônio Andrade.

No caso de suínos, foram realizados 50 turnos adicionais de abate em abril, segundo dados do Sistema de Inspeção Federal, um aumento de 78,6% ante o registrado em março. Para aves, houve queda nos pedidos de abate em turnos adicionais, de 58 em março para 46 em abril.

A redução do risco de contaminação, que é o objetivo dos fechamentos, acaba não ocorrendo. O risco na verdade aumenta em outros locais. Outro agravante, pelo menos nos casos dos servidores do Ministério da Agricultura, é a sobrecarga de trabalho desses profissionais, que atuam há anos com quadro reduzido

Antônio Andrade, diretor de política profissional do Anffa Sindical

 

Recomendação do MPT

 

A realização de abates extra também tem sido alvo de recomendações por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT). Entre as medidas propostas pelo órgão às empresas está “abster-se, durante o período de reconhecimento da pandemia, de programar abates extras ou submeter os trabalhadores à prestação de horas extraordinárias”.

Em Três Passos, Rio Grande do Sul, uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho proibiu na segunda-feira (18/5) que a JBS realize atividades extraordinárias em sua unidade enquanto durar a pandemia.

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De acordo com o procurador do trabalho responsável por pedir a interdição do frigorífico, Roberto Portela Mildner, a JBS realizou dois abates extras em sua unidade de Três Passos, nos dias 4 e 25 de abril, totalizando 1.500 suínos em cada um dos dias.

“As fotos fornecidas presidente do STIA [Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de Frederico Westphalen e Região], que esteve presente na JBS no primeiro dia de abate extra, evidenciavam de forma clara que a empresa não estava adotando medidas mais básicas de proteção à contaminação ao Covid-19”, afirma o procurador em nota.

Sem risco de desabastecimento

 

Apesar dos problemas dos riscos envolvidos na realização de abates extras, o diretor de Política Profissional do Anffa Sindical ressalta que não há risco de desabastecimento de carne no Brasil. Ele destaca que a estrutura de produção no país é diferente dos EUA,
onde o aumento de casos de Covid-19 em frigoríficos e o consequente fechamento de plantas levou a uma drástica queda na produção nacional.

“As produções dos dois países são muito diferentes. Nos EUA, ela é muito concentrada. Poucos frigoríficos são responsáveis pelos abates. Se um deles fecha, a queda é muito grande. No Brasil, temos uma grande quantidade de plantas distribuídas pelo país, de forma que elas quase nunca estão trabalhando na capacidade total”, conclui Andrade.
Source: Rural

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