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(Foto: José Medeiros/Ed. Globo)

 

As preocupações com os efeitos da pandemia de coronavírus reduziram a confiança no agronegócio. É o que apontou o índice IC Agro, medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

No primeiro trimestre de 2020, o índice ficou em 100,4 pontos, o menor para os primeiros três meses do ano desde 2016, quando chegou a 82,6. Segundo a metodologia, o resultado significa otimismo se superar 100 pontos e pessimismo caso fique abaixo disso.

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O primeiro trimestre de 2020 registrou o pior resultado em três anos e meio na confiança da agroindústria. Valores abaixo desse patamar só foram registrados em 2014, 2015 e 2016, coincidindo com o último período de recessão atravessado pela economia brasileira, quando a confiança das agroindústrias chegou a fechar abaixo de 80 pontos em alguns trimestres.

A perda de confiança foi influenciada, principalmente, pela piora na percepção em relação à economia. "Embora medidas transversais de socorro aos setores produtivos estejam sendo implementadas, sabemos que a crise exige ainda mais esforços e a falta de perspectiva que ainda existe em relação à sua duração é motivo de incertezas e apreensões”, afirmou Roberto Betancourt, diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp.

Clima entre produtores

As empresas de insumos agrícolas compõem o grupo mais pessimista, com um índice de confiança de apenas 86,2 pontos, 36,2 pontos abaixo do registrado no 4º trimestre de 2019. A confiança das indústrias situadas no pós-porteira também caiu, para 92,5 pontos, 29,6 pontos abaixo do trimestre anterior. 

Os produtores agropecuários encerraram o primeiro trimestre do ano com parte da confiança preservada. Seu índice fechou em 113,8 pontos, na faixa ainda considerada otimista pelos critérios do estudo. No entanto, houve um recuo de 12,3 pontos em relação ao trimestre anterior, o que mostra que a pandemia também influenciou os ânimos no campo.

Isso pode estar relacionado ao fato de as vendas de alguns segmentos terem sido menos prejudicadas pela quarentena e outras medidas de distanciamento social impostas por diversos Estados e municípios para combater a disseminação da pandemia

Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB

 

Os produtores agrícolas formam o segmento que mantém maior otimismo dentre todos os avaliados pelo índice de confiança: 116,1 pontos. Apesar disso, em relação ao 4º trimestre de 2019, a redução foi de 9,5 pontos.

Entre os produtores agropecuários, a perda de confiança foi maior entre os pecuaristas: queda de 20,7 pontos sobre o trimestre anterior, para 107 pontos. Ainda é, no entanto, um índice alto para este segmento – trata-se do terceiro melhor resultado da série histórica.

Crédito, custos e produtividade

 

A pesquisa apontou que diminuiu o otimismo em relação ao crédito. Embora os desembolsos das linhas oficiais tenham crescido no trimestre, aumentaram as preocupações relacionadas à oferta de recurso enquanto se espera a divulgação do Plano Safra.

O pessimismo com os custos de produção se manteve, embora as relações de troca entre os produtos agrícolas e os insumos necessários para seu cultivo estejam em bons patamares para a maioria das culturas.

Houve redução também na confiança relacionada à produtividade, o que pode ser explicado pelos prejuízos que estavam sendo causados pelo clima irregular às lavouras de milho safrinha em algumas importantes regiões produtoras, como o oeste e o norte do Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul.
Source: Rural

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