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Indústria de saúde animal demonstra preocupação com imunização contra aftosa em meio à pandemia (Foto: Wenderson Araujo/Sistema CNA/Divulgação)

 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) encerrou a campanha contra a febre aftosa no Rio Grande do Sul e nos Estados que formam o Bloco I do Plano Nacional Estratégico para a Erradicação da Febre Aftosa 2017/2026 – Rondônia, Acre, parte do Amazonas (uma região chamada Boca do Acre) e de Mato Grosso. Nestas regiões, a vacinação foi antecipada para março e encerrada em 30 de abril, para as autoridades sanitárias locais terem tempo hábil para solicitar à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o status de região livre de febre aftosa sem vacinação.

A medida, porém, vem sendo criticada por representantes da indústria de produtos de saúde animal (Sindan), que veem um risco muito grande na ação devido à pandemia do novo coronavírus. “É um protocolo que não pode colocar em risco a saúde animal. Tentar buscar a mudança de status da febre aftosa no Brasil no meio de uma pandemia é arriscado demais”, explicou o vice-presidente do Sindan, Emilio Salani.

Para conseguir a alteração do status, a região candidata deve comprovar estar há pelo menos um ano sem vacinação, nenhum caso de febre aftosa registrado, proibir a venda da vacina e o ingresso de animais vacinados no Estado pelo menos 12 meses. “A preocupação atual é com a pandemia do novo coronavírus, a descoberta de uma vacina para a Covid19, e o abastecimento de alimentos para a população brasileira. Não podemos arriscar e dizer que a pandemia vai passar daqui um ou dois meses porque ainda não sabemos”, disse Salani. “Se, neste período, em que os Estados que buscam a alteração de status, acontecer qualquer problema e registrarem um caso de aftosa, o estrago será imenso”.

Vacina sem saponina

Apesar do Brasil não registrar nenhum caso de aftosa desde 2006, Salani diz que, se a doença aparecer em um desses estados ou se alguns dos protocolos exigidos pela OIE não forem cumpridos, o prejuízo para a pecuária brasileira pode ser maior do que manter o status com vacinação.

“Resgatar um status é economicamente pior e exige agilidade para conter o avanço da doença no rebanho, caso ela ocorra nestes Estados, que são regiões de fronteira com outros países”, afirma Salani. “Sanidade é fundamental para os rebanhos e a suspensão da vacinação no Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia está sendo feita em uma época inadequada”.

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O Sindan acredita que, se a pandemia do novo coronavírus não der uma trégua nos próximos meses, é possível que o Ministério da Agricultura interfira nos processos. A proposta da entidade é que os rebanhos sejam imunizados com uma nova vacina, sem saponina, substancia que causa abcessos e nódulos nos animais e foi responsável pela suspensão de embarques para os Estados Unidos em 2017, causando uma crise no setor da pecuária. A tratativa com o Mapa para a utilização da nova vacina começou há dois anos. “Neste caso, a dosagem também muda e os animais recebem 2 ml ao invés de 5 ml”, explicou.

Protocolo para alterar status

Para uma região se tornar livre de febre aftosa sem vacinação, é preciso cumprir requisitos impostos pela OIE. Com este status, que pode ser comercialmente positivo, a região passa a exportar para países que só compram carnes de origem comprovada, sem vacinação. Geraldo Moraes, diretor do Departamento de Saúde Animal, diz que o reconhecimento pela OIE, caso todas as exigências sejam cumpridas pelas regiões, deve sair em maio do ano que vem. “Serão 30 milhões de doses a menos no rebanho brasileiro”, disse ele, em nota.

As regiões que aguardam a decisão são Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia, além da região chamada Boca do Acre, que inclui municípios do Amazonas (Canutama, Eirunepé, Envira, Guajará, Humaitá, Itamarati, Ipixuna, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e Tabapuá) e algumas cidades matogrossenses como Juína, Colniza, Aripuanã, Rondolândia e Comodoro.

O Paraná aguarda a alteração do status para ainda este ano e está cumprindo os requisitos desde o ano passado. No Brasil, apenas Santa Catarina possui o status livre de febre aftosa sem vacinação.

Os demais Estados brasileiros iniciam a campanha de vacinação neste mês de maio e encerram em junho. Com a proibição das vendas de vacinas nos estados que buscam a alteração do status, o Sindan estima que 190 milhões de doses sejam aplicadas no período, imunizando cerca de 98% do rebanho nacional, que é de 220 milhões de cabeças.

Em vídeo, entidades orientam sobre a vacinação

Source: Rural

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