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(Foto: Divulgação /TCP)

 

 

A pandemia do novo coronavírus criou dois cenários desafiadores para o setor de aves e suínos do Brasil, um interno e outro externo.

Dentro do país está havendo uma mudança drástica na forma como as pessoas se alimentam. Com uma tendência de consumo concentrado dentro das casas – resultado de um maior isolamento da população como prevenção à contaminação da doença –, as compras de restaurantes e serviços de fast foods caíram brutalmente.

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“Haverá transferência de estoque de restaurantes e atacados para as geladeiras dos domicílios. A pessoa que antes comprava um peito de frango na semana agora vai comprar dez ou 12. Isso vai exigir um manejo dos canais de atuação e logística. Teremos mais canais demandando maiores volumes e que antes demandavam pequenas quantias”, explica o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

Segundo o executivo, a atividade dos fasts foods já deve ter diminuído em 60% com a mudança nos hábitos dos brasileiros dos últimos dias. Santin descartou a possibilidade de faltar carne no mercado, já que grandes frigoríficos vêm anunciando paralisação de operações de suas unidades no país.

“Vai ser desafiador acompanhar essa modificação. Hoje digo que não tem perigo de faltar comida para o brasileiro. Daqui 30 dias, já não sei dizer como será

Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA

Desafio externo

 

Já no mercado externo, o desafio será atender uma demanda crescente de carnes de frango e porco, especialmente com a gradativa retomada da China, maior comprador de proteína animal do Brasil.

Isso porque muitos navios que deixaram a costa brasileira para abastecer os países asiáticos no início do ano ainda não retornaram. Com o surto do coronavírus, formou-se um congestionamento de navios em diversas províncias da China que ainda estão à espera de liberação para descarregar as mercadorias.

O quadro tem causado uma pressão no setor logístico do Brasil, com uma procura maior por contêineres refrigerados. “Temos notícia de uma empresa que está colocando um navio inteiro de volta para o Brasil com contêineres vazios”, afirma Santin.

Escassez de contêineres

O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) já prevê uma escassez de contêineres no Brasil no fim deste mês devido ao atraso com o retorno dos contêineres.

A entidade, que representa as maiores empresas de navegação de longo curso, acredita que a situação será momentânea. “No caso de contêineres refrigerados (reefers), o congestionamento ainda é crítico em Shangai, Xingang e Ningbo”, disse o Centronave.

Uma viagem de navio entre Brasil e China dura de 30 a 40 dias, conforme o setor. “[O frete] vai custar um pouco mais caro, mas o comprador está pagando porque precisa. O importador tem interesse, e eles estão vivenciando essa crise. É uma crise mundial".

Atenção governamental

Segundo Ricardo Santin, o Ministério da Agricultura tem consultado a cadeia produtiva sobre possíveis problemas causados pela pandemia, no curto e médio prazos, para agir antecipadamente.

“A ministra nos consultou ontem (segunda-feira) e hoje (terça), participou de reunião do nosso conselho. O governo está querendo saber o que o setor precisa e o que pode ter de problema adiante, para nos prevenirmos. Em um período de crise, proatividade é muito importante”, destaca.

Entre os pedidos do setor ao governo está um passe livre nas estradas do país, caso sejam adotadas medidas restrição de transportes. “Se por ventura tiver de aumentar  a restrição de transportes e o tráfego de pessoas, que sejam estabelecidos corredores de passagem para o transporte de alimentos, incluindo a nutrição para os animais”, disse Santin.
Source: Rural

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