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Mata Atlântica é um dos biomas estudados pela The Nature Conservancy (Foto: Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica – Brasil Kirin)

 

 

 

O Brasil terá de fazer um investimento bilionário para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Um estudo indicou que serão necessários, por ano, entre US$ 700 milhões e US$ 1,2 bilhão (R$ 3,4 bilhões a R$ 5,9 bilhões, aproximadamente).

O pacto internacional prevê a redução das emissões de gases em 37% até 2025 e em 43% até 2030, ano máximo para que o aporte seja feito.

Os números são de levantamento feito em parceria entre a organização de conservação ambiental The Nature Conservancy (TNC), a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ/USP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade da Califórnia.

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O valor estimado é fruto do estudo “What makes ecosystem restoration expensive?” (O que torna cara a restauração do ecossistema?, em tradução livre), que teve início em 2014 e não apenas aponta o investimento necessário, mas também propõe soluções mais baratas para recuperar a vegetação nativa dos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.

O líder da estratégia de restauração florestal da TNC para a América Latina, Rubens Benini, responde o questionamento que intitula a pesquisa afirmando que o plantio de mudas e semeadura direta são métodos mais caros e, apesar disso, representam de 60% a 90% dos projetos de regeneração no Brasil.

A ciência de recuperação florestal é relativamente nova, tem cerca de três décadas. Com o passar do tempo, aprendemos que não se resume a plantar mudas no chão. Agora entendemos que é importante pensar no resultado final e em práticas mais baratas, como a recuperação nativa natural

Rubens Benini, líder da estratégia de restauração florestal da TNC para a América Latina

 

 

Apesar de parecer um alto valor, ele ressalta que é importante não olhar como custo, mas investimento. “Os serviços público e privado estão começando a ver a importância na função do capital natural, como o caso da política pública de pagamento por serviços ambientais. A gente precisa olhar a nova economia verde, não apenas o ônus mas o bônus, como toda a sociedade ganha”, ressalta.

Cerrado

Para cumprir com a meta do Acordo de Paris, estabelecido durante a COP21, o Brasil se propôs a recuperar 12 milhões de hectares de terras desmatadas e degradadas por meio da restauração, reflorestamento e regeneração natural até 2030. As metas, na visão de Benini, são plausíveis, mas para isso é preciso que as esferas pública, privada e a sociedade civil se unam.

Estudos sobre a fitofisionomia do Cerrado ainda são recentes, o que dificulta o conhecimento do bioma (Foto: iStockphotos)

 

Ele lembra que o fator humano tem contribuído com os incêndios florestais, principalmente em áreas em que a queimada de controle é permitida, como em regiões do Cerrado. “Dos três biomas, o Cerrado deve ser o menos protegido pela legislação. Até a incidência de fogo tem sido maior do que a ocorrência normal, por conta da ação do homem”, diz.

Outro fator que dificulta a recuperação do Cerrado é que não há grande variedade de viveiros, coletores de sementes, e os estudos ainda são muito recentes.

“O Cerrado é um pouco complexo porque tem várias fitofisionomias. É bem importante saber qual foi a vegetação nativa degradada. No Cerrado, se não houve a destoca, há potencial grande para regenerar de forma natural. Agora, se houve a destocagem e aplicação contínua de herbicida, como o glifosato, você acaba com o banco de sementes e tem que aplicar o plantio total de mudas, que é mais caro”, explica Benini.
Source: Rural

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