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FAO destacou importância do sistema e comprometimento das comunidades (Foto: João Roberto Ripper/Mapa)

 

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reconheceu o sistema de colheita de flores "sempre-vivas" na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, como "um engenhoso sistema de patrimônio agrícola mundial".

O registro, criado em 2002 pela FAO, distingue lugares onde a produção tradicional trabalha em prol da segurança alimentar das comunidades, respeitando a biodiversidade e a vida selvagem.

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Esta foi a primeira vez que a agência das Nações Unidas distinguiu o Brasil. Já houve reconhecimento de registro de patrimônio agrícola mundial em 22 países.

A justificar a escolha, a FAO destacou que a região do Espinhaço, no norte de MG, é coberta por uma savana onde os agricultores locais colhem flores "sempre-vivas", combinando essa atividade de jardinagem no mercado agroflorestal com o pastoreio de gado e o cultivo de campos ao pé das colinas.

(Foto: Valda Nogueira/Mapa)

 

Esse  sistema é baseado num "profundo conhecimento dos ciclos naturais, dos ecossistemas e da flora", bem como em "práticas tradicionais" transmitidas de uma geração para outra por mais de um século, que permitem aos moradores "viver em harmonia com o meio ambiente, garantindo sua segurança alimentar e meios de subsistência", acrescentou a agência da ONU.

Ao respeitar os ciclos naturais e as práticas tradicionais de movimentação, os agricultores participam da salvaguarda das culturas e da vegetação nativa, permitindo a sua regeneração.

(Foto: João Roberto Ripper/Mapa)

 

Criado pela FAO na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em 2002, o registro dos Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM) reconhece 33 locais na Ásia, três na África, seis no norte da África e no Oriente Médio e três na América Latina.

Com o reconhecimento, o sistema de Minas Gerais passa a ser o quarto da América Latina e o 59º patrimônio agrícola, envolvendo 22 países. Os outros três latino-americanos são o corredor Cuzco-Puno (Peru); o arquipélago de Chiloé (Chile) e o sistema de Chinampa no México.

Biodiversidade

As seis comunidades que tiveram seus sistemas agrícolas reconhecidas pela FAO são Lavras, Pé-de-Serra, Macacos e as comunidades quilombolas de Raiz, Mata dos Crioulos e Vargem do Inhaí.

Elas estão em uma área de aproximadamente 100 mil hectares e chegam a manejar mais de 400 espécies de plantas já catalogadas, incluindo as alimentares e as medicinais, cujos conhecimentos e práticas únicas são desenvolvidas ao longo de gerações para manter os recursos genéticos e melhorar a agrobiodiversidade.

(Foto: Marcio Andrade/Mapa)

 

Em relação às sempre-vivas – termo popularizado em virtude das características das flores, que depois de colhidas e secas, conservam sua forma e coloração – há cerca de 90 espécies manejadas de flores, com diversos formatos e cores.

No período de abril a outubro, apanhadores e suas famílias sobem a serra para a coleta, em áreas de campos rupestres do Cerrado, que ocorrem a 1,4 mil metros de altitude. É nesses campos na Serra do Espinhaço que se encontram 80% das espécies de flores sempre-vivas no Brasil, de acordo com dados do dossiê enviado à FAO.

Os apanhadores permanecem por lá por semanas. Para eles, é um momento de encontro entre as comunidades, promovendo a socialização. Além das flores são também coletados diversos tipos de folhas, frutos secos dentre outros produtos ornamentais, a depender da época do ano.
Source: Rural

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