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As três irmãs de Guapiaçu (SP) têm 12.800 seguidores nas redes sociais, onde mostram a rotina do sítio (Foto: Ricardo Benichio)

 

Filhas de um casal de primos de primeiro grau que têm por herança familiar o trabalho na roça, as irmãs Aline, de 25 anos, Ariane e Aniele Caldeira de Paula, gêmeas de 23 anos, sempre gostaram de cultivar a terra no sítio da família em Guapiaçu (SP), contrariando o pai, Flázio, que queria ver as filhas morando e trabalhando na cidade.

Quando Aline tinha 12 anos e as irmãs 10, um vizinho sugeriu a elas que plantassem abóboras. “O Luizão da Horta reconheceu nossa capacidade de trabalho e decidiu nos incentivar.

Disse para a gente plantar as abóboras que ele compraria tudo para alimentar seus porcos”,  conta Aniele, a mais falante das três “meninas”, nome pelo qual são tratadas desde a infância, já que pais, parentes e amigos tinham dificuldade em diferenciá-las.

Coragem para tentar

Na primeira colheita, entregaram 1.000 quilos de abóboras, muito mais do que o vizinho precisava. Nascia ali a horta das meninas. O mesmo vizinho, no final de 2017, apresentou um comerciante que procurava um fornecedor de alface hidropônica que pudesse entregar verduras todos os dias.

O pai, que já tinha granja de frangos e horta, achou arriscado, mas as meninas juntaram tudo que tinham e investiram numa estufa. Aprenderam com o parceiro as técnicas de plantio, fertirrigação, colheita e processamento das verduras.

Já éramos ‘as meninas’ e decidimos acrescentar o agro para ficar um nome bonito

 

A estufa foi construída para 20 mil pés de alface. Seis meses depois, com o sucesso do negócio, implantaram uma segunda para 9 mil pés. A transição do plantio de verduras em terra para o cultivo suspenso em água foi o salto que elas precisavam para conquistar a liberdade financeira e convencer o pai a esquecer a ideia de mandá-las para a cidade.

A pedido do pai, as três fizeram curso de engenharia civil em São José do Rio Preto e, ao final, optaram pelo trabalho em período integral no sítio. Nenhuma chegou a exercer a engenharia. “Hoje, ganho mais do que se fosse engenheira, faço meu próprio horário e não tenho patrão”, diz Aline. Elas são sócias dos pais no sítio de 2 alqueires.

Influenciadoras digitais

Além de produtoras rurais reconhecidas na região, as jovens se tornaram “influenciadoras digitais” nas redes sociais após a criação do perfil Agromeninas no Instagram para mostrar como é a rotina no sítio. “A gente sempre gostou de tirar foto, já éramos ‘as meninas’ e decidimos acrescentar o agro para ficar um nome bonito. O pessoal gostou e hoje temos 12.800 seguidores, mas não era nossa intenção virar influencer”, conta Ariane.

Elas gostam da atenção que recebem na rede, mas se irritam se alguém insinua que são “filhinhas de papai”. Relatam que a rotina é pesada: acordam às 3 horas ou 3h30 de segunda a domingo, tomam um copo de leite retirado no próprio sítio e vão colher e processar as verduras, que serão entregues a três parceiros, das 6h30 às 8h30.

Depois da entrega, tomam um café completo com os pais e retomam o trabalho. É hora de plantio, de carpir e adubar a horta de couves e repolhos do chão, tratorar a terra, cuidar das duas granjas do sítio – que produzem 40 mil frangos a cada 60 dias –, fazer as contas e ir aos bancos. Param de trabalhar ao escurecer e se deitam por volta de 21 horas.
Source: Rural

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