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A pesquisadora abriu mão de dois cargos públicos no Brasil para encarar os desafios do setor privado (Foto: Divulgação)

 

Com estabilidade no serviço público e grávida de sete meses – de gêmeos –, a pesquisadora Sandra Milach recebeu um convite no começo dos anos 2000 que mudaria a vida tranquila da mãe e profissional que vivia no interior do Rio Grande do Sul.

Na época professora de universidade federal e pesquisadora da Embrapa Trigo, a engenheira agrônoma chamou a atenção da então Dupont Pioneer, multinacional de sementes que começava a instalar um centro de pesquisa em Passo Fundo, no norte do Estado.

Contrariando o caminho natural, a pesquisadora abriu mão de dois cargos públicos para trabalhar na companhia americana, onde hoje lidera quase 1.000 pessoas em cerca de 15 países. “Sempre gostei de desafios. Há mais de dez anos no setor público, tinha muita curiosidade em conhecer o mundo privado”, lembra Sandra, de 53 anos, líder global de pesquisa da Corteva Agriscience, resultante da fusão das multinacionais Dow e DuPont.

Morando em Johnston (Estado de Iowa) há nove anos, a mãe de três filhos é movida pela contribuição deixada pelo seu trabalho – tudo em meio ao equilíbrio com a vida pessoal. Foi assim desde quando ingressou como professora universitária no Brasil, após concluir doutorado em genética e melhoramento de plantas na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.

Tinha muita curiosidade em conhecer o mundo privado

 

Quando assumiu como pesquisadora da então Dupont Pionner em Passo Fundo, a primeira mulher no cargo depois de dez anos, Sandra tinha como missão trazer a tecnologia do milho de clima temperado, consolidada nos Estados Unidos, para adaptá-la à realidade tropical brasileira. A primeira contratação para sua equipe, propositalmente, foi outra mulher.

“Levamos germoplasmas melhorados no sul do Brasil para o Centro-Oeste, onde a safrinha de milho tornou-se a maior do país. Quebramos paradigmas ao abrir uma fronteira que não existia, incorporando resistência a doenças”,  detalha a pesquisadora.

Fora da zona de conforto

Mas o maior desafio profissional e pessoal ainda estava por vir. Após dois anos de aperfeiçoamento pela empresa nos Estados Unidos, em 2013 Sandra deparou com outra oportunidade para tirá-la da zona de conforto. Dessa vez, a multinacional a requisitou para desenvolver projetos em nove culturas agrícolas. Para isso, precisaria morar de forma permanente em Iowa.

De lá para cá, Sandra viu a relevância do seu trabalho crescer a cada ano. Além do melhoramento de sementes, a equipe da pesquisadora atua na identificação dos genes das plantas que podem ser modificadas com a tecnologia CRISPR (edição genômica de DNA).

Realizada e feliz ao lado do marido e dos três filhos jovens, a pesquisadora mata a saudade do Brasil nas três ou quatro vezes por ano em que vem ao país a trabalho ou em férias. Sobre as escolhas que as mulheres precisam fazer ao longo da vida, nos campos pessoal e profissional, acredita que, independentemente de quais forem, é preciso ter planejamento e equilíbrio.
Source: Rural

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