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Carmem diz que presença feminina cresceu no setor nos últimos três anos (Foto: Vanusa Campos/Divulgação)

 

Pouco antes da morte do pai, Carmem Lucia Chaves de Brito, de 64 anos, prometeu: faria tudo o que pudesse para dar continuidade ao trabalho dele com café. “Era uma questão de honra”, diz a gestora das fazendas Caxambu e Aracaçu, em Três Pontas (MG).

“Meu pai e minha mãe lutaram tanto, não poderíamos deixar o negócio se esvair.” Na época, em 2006, Carmem vivia no Rio de Janeiro, atuando como psicóloga. Voltou para o campo com a proposta de manter a propriedade íntegra, em vez de dividi-la entre os cinco irmãos, e de investir em café especial.

Os irmãos aceitaram. Ao lado de um deles, Carmem passou a administrar e transformar as terras da família: ele ficou com a gerência de produção; ela, com as áreas comercial, financeira e de recursos humanos. Para dar conta do desafio, ela fez cursos — de gestão em cafeicultura a prova de café —, fez viagens de pesquisa, profissionalizou processos e capacitou funcionários.

Na primeira colheita sob sua gerência, os cafés especiais, acima de 80 pontos na escala de análise sensorial, corresponderam a 2% dos grãos. Hoje, são 85% das cerca de 8 mil sacas, vendidas no Brasil e para países como Japão, Inglaterra e Estados Unidos.

Meu pai e minha mãe lutaram tanto, não poderíamos deixar o negócio se esvair

 

Para conhecer melhor o mercado internacional, Carmem associou-se à BSCA (sigla em inglês para Associação Brasileira de Cafés Especiais), que promove o produto do Brasil no mundo. Em 2015, tornou-se a primeira mulher a entrar no conselho diretor da entidade (e nele permanece até hoje). Entre 2017 e 2019, foi a primeira mulher a assumir a presidência.

Nos últimos três anos, a produtora viu crescer a presença feminina na associação e no setor de café especial como um todo. “O universo dos especiais foi um convite para as mulheres, que às vezes até já trabalhavam no segmento do café, mas ficavam às escondidas”, diz.

Nas fazendas Caxambu e Aracaçu, os grãos chegam ao descanso em tulhas com baixa incidência de luz, controle de umidade do ar e som de música clássica ou new age. “Após passarem pelos estresses oriundos de todos os processos aos quais são submetidos, é o momento de darmos a eles um repouso merecido. Não existe comprovação científica para a questão da música. É um mimo, um carinho”, diz Carmem.
Source: Rural

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