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Zeina Latif (Foto: Rogério Albuquerque/Ed. Globo)

 

 

 

Iniciativas como a MP do Agro não resolvem todos os problemas, mas vão na direção correta para eliminar entraves e trazer mais segurança ao mercado de crédito no Brasil, avalia a consultora econômica Zeina Latif.

O projeto, que havia sido aprovado em fevereiro pela Câmara dos Deputados, passou no Senado na quarta-feira (4/3) e depende da sanção do presidente Jair Bolsonaro. “Medidas como esta, que reforçam essas garantias, vão na direção correta. Não vai resolver tudo porque tem a carga tributária. Mas precisamos avançar”, diz Zeina.

 

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Ela pondera que não dá para pensar que, entrando a medida em vigor, tudo vai se destravar. O problema não está só na falta de crédito.

Há outros fatores que trazem incertezas, como a complexidade de regras e questões regulatórias, que, em sua avaliação, aumentam custos e inibem os investimentos. Ainda assim, iniciativas para melhorar o sistema de crédito são importantes.

Juros de longo prazo

 

Na agropecuária, uma das principais queixas de representantes do setor é que, mesmo com a taxa Selic renovando mínimas históricas e chegando a 4,25% ao ano, os juros nos financiamentos ainda estão elevados para o tomador final.

No Plano Safra 2019/2020, financiar uma máquina agrícola pelo Moderfrota, por exemplo, tem custo de 8,5% a 10,5% ao ano com sete anos de prazo.

Para Zeina Latif, há várias causas impedindo os juros de longo prazo serem mais baixos no Brasil. Uma delas é a alta carga tributária. Outra, a mais visível, em sua opinião, é a dificuldade de execução de garantias em casos de inadimplência. Diante dessa situação, a oferta será mais seletiva e, consequentemente, mais cara.

“Emprestar no Brasil é uma atividade muito arriscada. Esse risco precisa ser remunerado e será através do spread bancário”, explica, em referência à diferença entre os juros que o banco paga para captar e cobra para emprestar dinheiro.

Mercado de capitais

 

Em outra via, com os juros mais baixos, o mercado de capitais oferece alternativas, destaca Zeina, e tem o papel importante de auxiliar empresas a acessá-lo.

Um cenário que favorece um olhar mais atento aos títulos ligados à agropecuária, como a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA).

Segundo a consultora, a saída esperada para o agronegócio brasileiro é as empresas de grande porte acessando mais o mercado de capitais enquanto os financiamentos a juros equalizados pelo governo são mais direcionados para médios e pequenos.

É algo que já está acontecendo, pontua a consultora econômica, mas em uma escala menor quando se compara o Brasil com outros países.

No Brasil, ou você tem escala ou o custo-Brasil pesa e você não consegue diluir. Em agropecuária, tem dois desenhos: ou muita escala de produção, de algumas regiões, como Centro-Oeste, ou as cooperativas, que vemos muito no Sul. E o grande tem capacidade de acessar cada vez mais o mercado de capitais

Zeina Latifa, consultora econômica

 
Source: Rural

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