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Em 2019, Expodireto Cotrijal movimentou R$ 2,4 bilhões em negócios em Não-Me-Toque (Foto: Cotrijal/Divulgação)

 

O atraso no plantio da safra 2019/20 e as incertezas com o rumo da economia mundial diante da rápida propagação do coronavírus estão reduzindo as expectativas com os resultados da Expodireto Cotrijal deste ano.

Apesar de, em fevereiro, a Show Rural Coopavel ter fechado R$ 500 milhões a mais em negócios em relação ao ano anterior, a previsão dos organizadores da feira gaúcha é de um resultado semelhante ao do ano passado: R$ 2,4 bilhões.

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“Inicialmente, a gente tinha uma expectativa de crescimento na feira. Mas, com esse contexto de problemas climáticos e coronavírus, o pessoal fica mais receoso de fazer investimentos. Por isso estamos um pouco mais conservadores”, diz Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Bastos se refere ao tempo quente e seco entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, o que atrasou o plantio da soja e do milho no Rio Grande do Sul, com impactos também na atividade leiteira e comprometendo o calendário do milho safrinha. Por isso, a projeção da Abimaq é de estabilidade nos negócios em relação ao ano passado.

 

Pela experiência que temos, se repetirmos o resultado do ano passado estará bom. Mas isso depende muito das condições do produtor e das oportunidades de negócios

Nei César Mânica, presidente da Cotrijal, que organiza a feira

Nei César Mânica, presidente da Cotrijal, cooperativa que organiza a feira, ressalta que, apesar do produtor gaúcho estar mais retraído, ainda há boas condições para fechar negócios na feira deste ano. “As empresas sabem que a Expodireto é um palco. O negócio que não sai na feira tem outros 365 dias para se concretizar”, explica.

No ano passado, a comercialização na feira teve resultado 9,59% superior à edição anterior. No caso de máquinas e equipamentos, esse crescimento foi de cerca de 7%. “Naquela época o mercado estava bem aquecido, os preços das commodities estavam muito bons e a parte macroeconômica também estava muito favorável”, lembra Bastos.

Mas ele destaca que, apesar do cenário de cautela em 2020, as condições não são tão ruins. “Tirando o fator coronavírus, a gente está projetando um ano positivo para o setor”, explica.

Fim de semana foi de preparativos no parque de exposições para o começo da feira (Foto: Cotrijal/Divulgação)

 

 

Cautela natural

Segundo Antonio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), é natural que o produtor fique mais retraído em um contexto econômico incerto. Ele destaca, contudo, que as condições atuais não podem ser fator determinante para investimentos que serão pagos por até uma década.

“O produtor não pode comprar ou fazer investimento porque o preço e a produtividade estão boas e tampouco pode deixar de fazê-los porque estão ruins. Estamos olhando para um único ano e tomando uma decisão que terá impacto por dez anos”, afirma o economista.

Tem muito negócio que, mesmo se o juro for zero, continua inviável. Assim como tem negócios cujos juros podem dobrar que, mesmo assim, continuará inviável

Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul

Ele salienta a importância de calcular o retorno do investimento antes de tomar qualquer decisão. E observa que a feira gera resultados que vão além do aspecto financeiro.

“A Expodireto é um enorme encaminhamento de negócios. Seja hoje ou amanhã, o produtor vai ter que investir em equipamento e, para isso, terá que acumular informações ao longo do tempo. Por isso, os resultados da feira se arrastam por todo o ano”, afirma.

Arena Agrodigital é uma das novidades da Expodireto Cotrijal em 2020 (Foto: Cotrijal/Divulgação)

 

Nem tudo é desconfiança

 

Há setores, entretanto, que chegam à feira otimistas em fechar negócios. É o caso da área de implementos para medição de umidade em grãos. Diante de uma portaria do Inmetro publicada em 2013 estabelecendo requisitos mínimos para medidores de umidade de grãos utilizados em transações comerciais, as expectativas são de aumento das vendas.

“O mercado está se adequando e vendo que o produto que é oferecido hoje tem melhor desempenho e maior segurança”, explica Christian Kaufmann, diretor comercial da Gehaka.

A empresa foi a primeira a fabricante de medidores de umidade de grãos a obter a aprovação técnica do novo modelo pelo Inmetro. Para a Expodireto deste ano, a previsão é de um crescimento de 50% nas vendas ante uma média de 5% observada antes das mudanças nas regras de fabricação. 

“A gente estima que cerca de 12% a 13% dos equipamentos presentes no mercado deixaram de atender a normativa do Inmetro no ano passado e, no final deste ano, os fabricados em 2007 também sairão de linha”, explica Kaufmann.
Source: Rural

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