Skip to main content

Mylton Casaroli Júnior projeta terminar a colheita apenas em abril em Londrina (PR) (Foto: Sergio Ranalli)

 

 

 

A falta de chuvas no final de setembro e começo de outubro de 2019 no Paraná deixou muita gente apreensiva e obrigou o governo estadual a solicitar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma janela maior de plantio da soja. O pleito foi atendido e o prazo, esticado até 31 de dezembro.

No norte do Estado, a maioria dos agricultores aproveitou uma chuvinha que caiu depois de meados de outubro para pôr as plantadeiras para trabalhar, enfrentando, em seguida, um veranico e, depois, em contraste, alta pluviosidade no último mês do ano.

saiba mais

Raio-X da safra: soja brasileira vai chegar mais tarde ao mercado

Raio-X da safra: no Matopiba, contratempos dão lugar à confiança em boa colheita

 

Neste começo de 2020, o que se vê ao trafegar pelas estradas da região é uma soja até vistosa, mas com o reflexo do plantio atrasado: nem sinal de colheitadeiras. Seria normal que muitas dessas máquinas começassem a trabalhar já em janeiro.

“Eu só vou começar a colher na primeira semana de março e devo terminar em abril”, diz o agricultor Mylton Casaroli Júnior, de 65 anos. Ele planta soja numa área de 270 hectares, no distrito de São Luiz, município de Londrina.

Mylton conta que não vai plantar milho na segunda safra pensando na qualidade do solo (Foto: Sergio Ranalli)

 

Mylton conta que não se iludiu com alguns chuviscos no começo de outubro para plantar a oleaginosa. Preferiu aguardar até o dia 22, quando houve precipitação mais significativa, optando por uma semente convencional e de ciclo longo. As plantas dele estão altas, passando da altura da cintura, e vão bem.

“Acontece que eu não tenho o ‘vício da safrinha’, por isso não me precipitei para plantar. Na verdade, na segunda safra não vou plantar milho. Vou optar por trigo em 40% da área e cobertura verde no restante. Dou prioridade para o solo. Acho essa estratégia mais viável economicamente, considerando o microclima da região onde planto”, destaca o agricultor, que está otimista, esperando uma produtividade para a soja de 75 sacas por hectare.

Dúvidas sobre o milho

Também no município de Londrina, Edson Dornellas tem uma lavoura com 100 hectares de soja. Começou a plantar na primeira semana de novembro do ano passado, mas, por conta da semente utilizada, vai colher um pouco antes do colega do distrito de São Luiz, entre 15 e 20 de março. Mesmo assim, considera que vai ficar tarde para plantar milho na segunda safra.

Se eu optasse pela safrinha, teria de fazer uma variedade precoce, aumentando os custos de produção. No inverno, vou plantar trigo

Edson Dornellas, produtor rural em Londrina (PR)

Mas há muitos produtores que pretendem apostar no cereal mesmo com o  atraso no plantio e a colheita da soja. João Paulo Pedroso Vengrus e o primo e sócio Rodrigo Vengrus são exemplo disso. Os dois planejam colher a soja a partir de 15 de fevereiro, com quase um mês de atraso. Ainda assim, garantem que vai ser um bom negócio entrar com o  milho na sequência.

Vão plantar 900 hectares de um total de 1.000 disponível – o restante será cobertura. “Os estoques mundiais estão caindo e a ‘chinesada’ precisa comer. Acreditamos num bom preço. O momento é excelente.Tem gente que vai fazer isso mesmo estando fora do zoneamento agrícola”, diz.

Área menor no inverno

A Secretaria de Agricultura do Estado (Seab) solicitou ao Ministério da Agricultura a prorrogação de mais dois decênios para plantar o milho no Paraná. O Estado cultivou  5,4 milhões de hectares de soja na primeira safra, e a expectativa é de uma produção de 19,7 milhões de toneladas –  16,1 milhões de toneladas maior que em 2018/2019.

A primeira projeção oficial da Seab para o milho segunda safra indica área menor em relação ao ano passado. “Cremos que o produtor paranaense vai plantar pelo menos 2,1 milhões de hectares de milho, e a  estimativa é de uma produção de 12,1 milhões de toneladas”, diz Marcelo Garrido, economista da Seab. Em 2019, o Paraná plantou 2,2 milhões de hectares de milho e colheu 13,3 milhões de toneladas.

Estiagem no RS

 

No Rio Grande do Sul, a falta de chuvas entre o final de dezembro e meados de janeiro, em plena fase de desenvolvimento das lavouras de milho, assustou os gaúchos, que, temendo os prejuízos, reivindicavam do governo a renegociação de dívidas e alongamento da janela de plantio.

No auge da crise hídrica, um levantamento relizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) junto à área técnica de suas filiadas estimou perdas de 13% na safra de soja e de 33% na produção de milho.

saiba mais

FecoAgro prevê perda maior com estiagem no RS; produção deve cair 18,9%

Estiagem no RS reduz em 8% a captação de leite no Estado

 

Logo após caírem as primeiras chuvas de verão,  por volta do dia 10 de janeiro, a situação se acalmou.  Na semana seguinte, a Emater/RS-Ascar, empresa de assistência técnica e extensão rural do governo gaúcho, divulgou sua estimativa preliminar, que indicava perdas de 9,4% na safra de soja e de 21% na produção de milho.

No caso da soja, as condições das lavouras variam de acordo com cada região. Em alguns municípios, os produtores em meados de janeiro realizavam replantio das áreas perdidas, mas, na maioria dos casos, só resta aguardar para saber como as plantas vão reagir ao estresse hídrico enfrentado na fase de desenvolvimento, época em que mais precisavam das chuvas.
Source: Rural

Leave a Reply