Skip to main content

Produto foi embarcado em único contêiner com destino à Europa (Foto: Divulgação)

 

Após dois anos sem despachar cargas de cacau, o porto de Salvador recebeu na última semana 12 toneladas de cacau fino de uma só vez – mais de 10% do total de cacau inteiro ou partido exportado pela Bahia em 2019. O volume foi embarcado em único contêiner com destino à Europa numa transação comercial que só foi possível devido a uma parceria envolvendo três produtores do sul do Estado.

“As exportações vinham sendo feitas de forma pontual. A carga ia de avião, com frete caríssimo porque não passava de 600 a 800 quilos. Dessa vez enviamos 12 toneladas, e isso viabiliza o frete de uma forma assustadora”, explica Henrique Almeida, proprietário da fazenda Sagarana, em Ilhéus. O produtor enviou duas toneladas de cacau fino com indicação geográfica, mais que o dobro do observado na sua última exportação, de 800 quilos.

saiba mais

Clima desfavorável e praga trouxeram incerteza ao mercado de cacau

Commerzbank: cotações de cacau se mantêm em alta com perspectiva de menor oferta

Brasil é reconhecido pela ICCO como exportador de cacau fino e de aroma

 

Do restante exportado, 6 toneladas foram de cacau orgânico da fazenda Camboa e outras 4 toneladas de cacau fino de um terceiro produtor. A parceria, conta Almeida, é resultado de uma “mudança de conceito” entre os cacaueiros da região, que têm focado na qualidade da amêndoa e em condições mais sustentáveis de cultivo para recuperar uma cultura que chegou a ser dizimada pela vassoura de bruxa há três décadas.

“Ou a gente se reinventa ou não viabiliza o negócio. Se não viabilizar, acontece o pior, que é a degradação ambiental. Sem poder se sustentar, as pessoas tendem derrubar a cabruca para dar lugar a pasto”, observa o produtor.

De olho nos chocolates gourmet

Após a colheita, as amêndoas da fazenda Sagarana são submetidas a um longo processo de fermentação. São quatro dias dentro da própria casca do cacau e outras 48 horas em fermentação alcóolica. Com isso, Almeida consegue obter um índice de fermentação de 93%, bem acima dos 75% exigidos para receber o selo de indicação geográfica.

Com a melhor qualidade da amêndoa, o preço recebido pelo quilo do cacau fino exportado pela fazenda Sagarana nessa operação chegou a US$ 8, acima da cotação de cerca de US$ 2,75 registrada na bolsa de Nova York e usada para balizar o mercado internacional. “Além de valorizar a produção e de manter a conservação ambiental, esse manejo gera uma rentabilidade muito maior do que se tinha anteriormente”, observa Almeida.

Com cerca de 46% da sua produção voltada para cacau fino, o produtor planeja aumentar essa participação para 60% nos próximos anos, de olho no exigente mercado europeu de chocolates gourmet. “Esse é um momento importante, que demonstra ser possível ter um rendimento financeiro bem superior ao que tínhamos no passado”, destaca.
Source: Rural

Leave a Reply