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Metade da população de coalas saudáveis do país teria sido atingida. (Foto: Nathan Edwards / Getty Images)

 

Quase meio bilhão de animais podem ter morrido ou sido afetados nesta que é considerada a pior temporada de incêndios da história da Austrália e que ainda deve durar meses, segundo as autoridades do país. A estimativa é do relatório amplamente divulgado de autoria do professor Chris Dickman, especialista em biodiversidade australiana da Universidade de Sydney.

"Estimamos que apenas nos três milhões de hectares de Nova Gales do Sul que foram queimados até cerca de 10 dias atrás, provavelmente 480 milhões de mamíferos, aves e répteis seriam afetados pelos incêndios", disse Dickman.

Centenas de focos estão ativos no país oceânico, com quase 5 milhões de hectares (12 milhões de acres) de terras queimadas e a temporada de verão acabou de começar, nem atingindo o seu pico ainda. Os termômetros marcaram nesta sábado (4/1), em Sydney, 48,9º C. Mais de vinte pessoas morreram nos incêndios florestais.

Nova Gales do Sul, onde fica Sydney, sofreu os maiores danos. O estado declarou estado de emergência por sete dias a partir de sexta-feira e emitiu um alerta de incêndio "extremo", o segundo nível mais alto na escala de perigo depois de "catastrófico".

Se as espécies são adaptadas a um conjunto de condições climáticas e agora estão sendo forçadas a se regenerar em condições climáticas muito diferentes, será muito mais difícil voltar"

Camille Stevens-Rumann, ecologista da Universidade Estadual do Colorado em Fort Collins

De acordo com especialistas, as chamas ameaçam remodelar a ecologia da Austrália, mesmo em lugares onde plantas e animais se adaptam aos incêndios anuais.

"Se as espécies são adaptadas a um conjunto de condições climáticas e agora estão sendo forçadas a se regenerar em condições climáticas muito diferentes, será muito mais difícil voltar", disse Camille Stevens-Rumann, ecologista da Universidade Estadual do Colorado em Fort Collins, que concentra sua pesquisa em como os ecossistemas se recuperam após grandes distúrbios.

O departamento de agricultura de Victoria – localizado ao sul de Nova Gales do Sul e que declarou estado de desastre na sexta-feira – declarou às agências de notícias locais que o gado também foi atingido, mas que muitos agricultores ainda não conseguiram retornar às suas fazendas para avaliar os danos. A declaração de estado de emergência permitiu inclusive que o governo evacuasse o local à força, caso fosse necessário.

Segundo Sarah Perkins-Kirkatrick, cientista climática do Centro de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney, o impacto desses incêndios serve de alerta sobre os tipos de desastres naturais que podem ser exacerbados pelas mudanças climáticas. “(Nós, cientistas climáticos) Sabíamos que, se houvermos seca e uma onda de calor, o país inteiro seria uma caixa de areia. Nós sabíamos que isso iria acontecer”, destacou.

Os incêndios florestais deste ano já expeliram o equivalente a dois terços das emissões anuais de CO2 do país.

Para se ter uma ideia, os incêndios na Amazônia brasileira que ocorreram no primeiro semestre de 2019 queimaram cerca de 2 milhões de hectares. Na Bolívia, as autoridades estimam que quase 6 milhões de acres (2,4 milhões de hectares) de terra foram queimados desde agosto. Na Califórnia, quase 1 milhão de hectares queimaram em incêndios durante o ano de 2018, de acordo com o Departamento Estadual de Florestas e Proteção contra Incêndios.

Em sua conta do Instagram, a adolescente ativista ambiental Gretha Thunberg destacou a crise na Austrália, dizendo que “tudo isso ainda não resultou em nenhuma ação política, porque nós ainda falhamos em fazer a conexão entre a crise climática e o crescimento de eventos climáticos extremos como os incêndios na Austrália”. “Isso tem que mudar. E tem que mudar agora”, escreveu a jovem.
Source: Rural

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