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A alta do VBP no próximo ano será puxada pela pecuária, que deve crescer 14,1% em 2020 (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta um crescimento de 9,8% no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2020, com faturamento de R$ 669,7 bilhões, e alta de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) do Agronegócio em relação a 2019. Para comparar, em 2018, a entidade previu aumentos neste ano do PIB de 2% e de 4,3% no VBP, que mede a receita da atividade dentro da porteira.

O setor pecuário, que já foi o destaque de 2019 com alta de 7%, dobra sua participação em 2020, com previsão de aumento de 14,1% e VBP de R$ 265,8 bilhões. As estimativas foram divulgadas nesta quarta-feira (4) em Brasília durante coletiva de imprensa.

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A soja deve continuar a ser o carro-chefe da agropecuária nacional, com alta de 14,1% e faturamento de R$ 165,2 bilhões, mas quem terá mais motivos para sorrir em 2020 será o produtor de carne bovina, com aumento estimado de 22% na receita. Suínos devem ter crescimento de 9,8%, pecuária de leite, 7%, e frangos, 7,1%.

Analisando os números, Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA, afirma que não vai faltar carne bovina no mercado brasileiro, o consumo das famílias vai se normalizar e a oferta e demanda devem se equilibrar no começo do ano. Segundo ele, o recente aumento para o consumidor brasileiro do preço da carne bovina (quase 50% desde setembro) foi causado principalmente por três fatores: a peste suína africana que reduziu em 28% o rebanho da China e elevou as exportações de carne para aquele país, a oferta reprimida no Brasil na maior parte do ano e o aumento de consumo no final do ano.

De janeiro a outubro deste ano, o país elevou em 12% as exportações de carne bovina, 16% as de suínos e 1,2% a de frangos, na comparação com o período anterior. Só a China recebeu 25% das exportações de carne bovina e 40% das de suínos.

Lucchi acrescenta que o preço da carne bovina no mercado externo deve cair em breve porque nem os chineses vão aceitar continuar pagando valores recordes pela tonelada.
“Estímulo de preço era o que faltava para o produtor brasileiro investir em tecnologia e produzir mais e com mais qualidade. O grande aumento de pedidos de financiamento em linhas mais procuradas por pecuaristas já indica que o produtor está se preparando para investir em 2020.”

Safra recorde

Neste ano, a atividade agrícola foi a que mais teve redução entre os quatro setores analisados no PIB do Agronegócio da CNA, que incluem a atividade dentro da porteira (agricultura e pecuária), insumos, agroindústria e agroserviços. A queda foi de 4%, causada principalmente pela alta dos custos de produção. Para 2020, a previsão é que haja uma recuperação e um aumento de 7,2% no setor.

A CNA prevê safra recorde de grãos e fibras devido às condições climáticas favoráveis em ano sem os fenômenos El Niño e La Niña. Para o início de 2020, a previsão é de um volume de chuvas pouco menor do que em 2019, o que deve ser benéfico para a primeira safra da soja. A partir de abril, com menos chuvas, o produtor de milho pode ser prejudicado, mas o grão deve ter preço melhor. Além disso, o investimento em pacote tecnológico deve suprir a redução de área plantada.

O principal avanço para a agropecuária em 2020, segundo avaliação da CNA, será a efetivação da nova política que incentiva os seguros agrícolas. Além disso, com a Selic em 4,5% e inflação baixa, o produtor poderá buscar financiamento privado a taxas bem competitivas.

Na questão do crédito rural, a confederação está formulando uma proposta de Plano Agrícola Plurianual com vigência de pelo menos cinco anos para entregar à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. A ideia é dar subsídio para o governo federal fazer um planejamento de médio prazo para a política agrícola.

Mercado internacional

Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA, anunciou que a entidade acaba de abrir um escritório na cidade de Xangai para aproximar o médio produtor brasileiro do comprador chinês e deve ter representação também em Singapura. No Brasil, vão ser abertos escritórios regionais nos Estados da Bahia, Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul com objetivo de mapear propriedades rurais aptas a vender seus produtos no mercado internacional.

“Felizmente, houve neste ano uma grande mudança de mentalidade do produtor brasileiro. Ele descobriu que se quiser vender seus produtos tem que ser mais ousado e buscar os compradores lá fora.”

Neste ano, até outubro, as exportações brasileiras tiveram uma queda de 4,2% em valor, mas um aumento de 5% em volume. A soja respondeu por 28% das exportações, mas foi o milho que fez a diferença. Para Lígia, o grande desafio é descentralizar as vendas externas, já que 62% estão concentradas em apenas cinco destinos: China, União Europeia, EUA, Japão e Irã.

“Todos os países do mundo precisam comer e nós temos condições de atendê-los. O que precisamos é buscar novos destinos para nossos produtos porque o Brasil ainda está pouco inserido no mercado internacional. Só que, para vender mais para outros países, o produtor precisa se preparar para abrir o seu próprio mercado.”
Source: Rural

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