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Neste mês, fo inaugurada em Manaus uma nova embarcação para navegação de cabotagem no Brasil (Foto: Ministério da Infraestrutura)

 

Apesar das queixas relacionadas à competitividade, a navegação de cabotagem deve encerrar 2019 com crescimento acima de 10% no movimento de cargas e superior à média dos últimos anos. Para a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), os números registrados até agora em 2019 reforçam a visão otimista das empresas do setor para o mercado brasileiro.

No segundo trimestre deste ano, dado mais atualizado no site da entidade, a movimentação de contêineres pelas associadas da Abac foi de 303,472 mil TEU’s, 22% a mais que no mesmo período no ano passado, quando 248,755 mil TEU’s percorreram a costa brasileira. No primeiro semestre de 2019, foram 578,878 mil TEU’s, 16,3% a mais que o registrado no período de janeiro a junho de 2018 (497,785 mil TEU’s).

“Estamos ampliando, acima do crescimento médio dos últimos dez anos. A expectativa é muito boa. Se a gente vem crescendo sem qualquer política de estímulo, mais ainda teria condições de crescer se uma política adequada de incentivo for implementada”, afirma Cleber Cordeiro Lucas, presidente da Abac.

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O setor aguarda a divulgação das medidas de apoio à navegação de cabotagem no Brasil, programa que vem sendo chamado de BR do Mar. O assunto foi discutido entre representantes do Ministério da Infraestrutura, dos armadores e segmentos que se veem beneficiados por esse tipo de transporte, entre eles, o agronegócio.

Uma das primeiras medidas previstas no BR do Mar já foi adotada pelo Poder Executivo. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia aprovou a isenção de tarifa de importação de navios de cabotagem, antes em 14%. Mas ainda há uma série de outras ações consideradas necessárias.

Em entrevista à Globo Rural, concedida recentemente, o secretário de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni, disse que o governo considera a possibilidade de dividir em partes a medida legislativa da cabotagem. E que a prioridade seria o projeto que estabelece as condições de afretamento de embarcações, outra das principais reivindicações.

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Cleber Cordeiro Lucas avalia que a iniciativa de propor o BR do Mar é positiva e, pelo menos até onde se sabe, traz o estímulo necessário, mexendo no que é fundamental: a redução de custos para investimentos e operacionais. Segundo ele, os armadores esperam algum tipo de política de incentivo ao menos desde 1997.

O executivo questiona apenas o tempo que está levando para o governo apresentar a proposta. Segundo ele, a expectativa era a de que as medidas já estivessem publicadas há algum tempo. E, diante da demora no que chama de “ajuste fino”, Cleber afirma que a ansiedade aumenta, mesmo reconhecendo que esse tipo de política deva ser bem discutida.

“Até um determinado momento, o governo ouviu não apenas nós, mas também usuários, indústria, e formulou um programa multifacetado. Não necessariamente é o ideal se fôssemos nós que estivéssemos interagindo sozinhos, mas entendemos que é um programa que acomoda a visão do desenvolvimento da cabotagem de vários stakeholders”, afirma.

 

Sobre a possibilidade do governo fatiar as medidas legislativas do BR do Mar, como sinalizou o secretário Diogo Piloni, o presidente da Abac, Cleber Cordeiro Lucas, defende que a divulgação seja feita de uma só vez. Por outro lado, diz entender que o Ministério da Infraestrutura tem consciência dos impactos de uma medida fatiada e, se resolver fazer dessa forma, é porque vê mais viabilidade.

“Esse ambiente de ‘tem mais para acontecer’ não dá a tranquilidade de que o mercado precisa. Agora, o outro lado dessa moeda são os limites do que é viável”, analisa o representante dos armadores. “Se é o possível, que seja fatiado ao menos pelo afretamento. É o corpo do projeto. É uma pena porque as medidas de custo não estão no afretamento”, acrescenta.

Entre as principais medidas de redução de custos do setor de cabotagem, Cleber menciona a carga tributária sobre o bunker, o combustível usado nos navios. Segundo o presidente da Abac, há consenso sobre a necessidade de baratear o combustível, assunto que integrou as discussões sobre o BR do Mar e que deve ser tratado pelo programa, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.

“Essa história de que precisa menos governo, conhecemos bem. Agora, naquilo que tem vir do governo, nossa posição é de demandar que o governo aja, não simplesmente fazendo o que é mais fácil, mas fazendo o que é necessário”, diz.
Source: Rural

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