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Vincent Gros, presidente mundial da divisão agrícola da Basf (Foto: Divulgação)

 

Em 2018, a Basf fez a maior aquisição da história da companhia. Por 7,4 bilhões de euros, a divisão de Soluções para a Agricultura recebeu uma série de ativos antes pertencentes à Bayer, negócio viabilizado por questões concorrenciais ligadas à compra da americana Monsanto por parte da concorrente alemã.

Pouco mais de um ano depois, a empresa afirma colher efeitos positivos desse portfólio agregado. No terceiro trimestre, registrou aumento de 26% nas vendas na divisão agrícola em relação ao mesmo período em 2018. No acumulado dos nove primeiros meses de 2019, o faturamento da divisão foi 34% maior.

No primeiro ano com esses novos ativos, foram lançados mais de dez produtos. “Estou orgulhoso da nossa performance financeira porque em 2019 já atingimos as metas iniciais para os negócios adquiridos”, afirma o presidente global da Divisão de Soluções para a Agricultura, Vincent Gros, em entrevista à Globo Rural.

No início deste mês, Gros esteve no centro de pesquisa da empresa, em Trindade (GO), para falar sobre a nova estratégia para a agricultura. Coincidência ou não, o local, voltado para desenvolvimento de algodão, pertencia à Bayer. Uma forma de sinalizar a importância que esses “negócios adquiridos” terão daqui para frente.

A compra dos ativos da concorrente reposicionou a Basf em sementes, defensivos, além de frutas e hortaliças e agricultura digital. A expectativa é de que passem a contribuir com pelo menos 30% do faturamento da divisão agrícola em nível global até 2028. Para o Brasil, o plano é lançar mais de 30 produtos até 2030.

“Estamos impressionados em ver como os agricultores brasileiros adotam a tecnologia tão rapidamente”, diz o executivo.

Globo Rural – Por que a Basf decidiu reforçar seus investimentos na área agrícola? Que cenário a empresa observa para o setor nos próximos anos?
Vincent Gros – Em primeiro lugar, temos um legado de mais cem anos na agricultura. Não é um mercado novo para a Basf. O mercado agrícola é estratégico para nós. Apenas para tornar isso mais tangível, deixe-me mencionar duas coisas: estamos investindo quase 40% de todo o nosso orçamento de pesquisa e desenvolvimento em agricultura. E a aquisição dos negócios da Bayer foi a maior da história da Basf. Não apenas de agricultura, mas de toda a empresa. Isso mostra, para mim, a relevância estratégica da agricultura para a Basf. Acreditamos nesse mercado. Acreditamos que a inovação fará a diferença, é parte da solução. E estamos prontos para desenvolver nossos negócios em agricultura pelos próximos 100 anos.

GR – Quais são as metas nessa estratégia e os pontos-chave para atingí-las?
VG – Queremos contribuir para que os agricultores sejam mais sustentáveis, resilientes e, claro, tenham mais rentabilidade. Por isso, inovação é realmente a espinha dorsal de nossa estratégia. A justificativa está no mercado. Existimos no mercado porque somos capazes de desenvolver novas tecnologias que podem tornar os agricultores mais sustentáveis e rentáveis. O que é novo para a Basf é que não somos mais apenas uma companhia de inovação em proteção de cultivos. Agora, somos capazes de oferecer soluções integradas, combinando proteção de cultivos, tratamento de sementes, sementes, biotecnologia e ferramentas digitais. É uma grande evolução e um grande marco em nossa estratégia para a agricultura.

GR – O senhor fala em inovação, sustentabilidade, experiência do consumidor, agricultura digital. Qual será o papel de cada um dentro da sua estratégia?
VG – Obviamente, essa é uma questão que não posso te responder. Essas quatro questões são complementares e igualmente importantes. Mas, claro, sem inovação, nada se justifica. A inovação é o ponto de partida. É o pré-requisito: oferecer inovação para os agricultores. E os outros pontos são complementares.

GR – Como o senhor avalia a performance após a aquisição dos ativos da Bayer neste primeiro ano de operação e qual deve ser o peso desse portfólio nessa nova estratégia?
VG – Eu estou extremamente orgulhoso com o processo de integração. Fizemos tudo extremamente rápido. Não deixamos de atender nenhum pedido. Gerenciamos para atender todos os nossos clientes no prazo. Também estou extremamente orgulhoso da performance financeira porque em 2019 já vamos atingir nossas metas iniciais para os negócios adquiridos. E, em relação à segunda parte da sua pergunta, eu olho para a grandes alavancas de crescimento que temos em nossa estratégia. Temos soja, biotecnologia, trigo híbrido. São elementos-chave dos negócios adquiridos, com os quais crescemos em grande proporção.

GR – O senhor acredita que o ambiente de fusões e aquisições na indústria ainda vai se manter nessa indústria? E como a Basf está olhando para isso?
VG – Eu não posso falar pelos meus concorrentes. No que diz respeito à Basf, em primeiro lugar, temos que incluir totalmente os novos negócios na nossa divisão. Estamos comprometidos com isso. Mas estamos atentos a oportunidades no mercado que demonstrem estar ajustadas com a nossa estratégia e façam sentido do ponto de vista financeiro.

GR – O que os agricultores brasileiros podem esperar da Basf? E o que vocês esperam em relação à concorrência no mercado agrícola brasileiro nos próximos anos?
VG – O Brasil é um mercado estratégico para a Basf. Não há dúvida disso. Estamos extremamente felizes com o desenvolvimento dos nossos negócios no país. E grande parte do nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento tem como alvos a América Latina e no Brasil. Acreditamos no país e estamos impressionados em ver como os agricultores brasileiros adotam a tecnologia tão rapidamente. É impressionante. Estou fascinado com o desenvolvimento da produtividade no Brasil nos últimos dez anos e tenho absoluta convicção de que vai continuar.

GR – A concorrência será mais forte?
VG – A concorrência continuará árdua. Sem dúvida. Mas estamos prontos para isso.
Source: Rural

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