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De janeiro a outubro, as vendas externas do agronegócio brasileiro para a Arábia Saudita foram de US$ 1,462 bilhão(Foto: JBS/Divulgação)

 

A habilitação de oito plantas frigoríficas de carne bovina do Brasil por parte da Arábia Saudita, anunciada nesta segunda-feira (11/11) pelo Ministério da Agricultura, confirma a importância de se buscar uma aproximação e um bom relacionamento com os países árabes. A avaliação é de Ali Saifi, diretor-executivo da Cdial Halal, empresa sediada em São Bernardo do Campo (SP), especializada na certificação de produtos conforme a religião islâmica.

“Oito frigoríficos é uma boa notícia, mas ainda há muito mais para conseguir. O mercado lá é muito grande”, afirma Saifi, em entrevista à Globo Rural. “Buscar mais significa levar uma agenda positiva para os dois lados. Com uma agenda positiva, vamos trazer mais assuntos de interesse do Brasil”, acrescenta.

No comunicado oficial, o Ministério da Agricultura informa que as plantas habilitadas estão nos estados de São Paulo, Rondônia, Minas Gerais, Maranhão e Pará. A ministra Tereza Cristina avalia que a decisão da Arábia Saudita é fruto da recente viagem brasileira ao país.

“Faz parte de toda essa abertura que o Ministério vem fazendo juntamente com o governo federal. Boa notícia, resultado da viagem do presidente Jair Bolsonaro àquele país, já com resultados muito positivos”, afirmou a ministra, em uma mensagem de vídeo publicada na redes sociais.

Para os países árabes, a questão da segurança alimentar é de suma importância. São países que precisam de proteína animal, do agronegócio, em geral. Então, com certeza, isso pode fomentar e pode crescer"

Ali Saifi, diretor-executivo da Cdial Halal

De janeiro a outubro deste ano, as vendas externas do agronegócio brasileiro para a Arábia Saudita foram de US$ 1,462 bilhão, 1,6% a mais que no mesmo período no ano passado, de acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa). O país tem 1,8% de participação no total. A pauta de exportações para o país é liderada pelas carnes, especialmente a de frango, e complexos soja e sucroalcooleiro.

“Para os países árabes, a questão da segurança alimentar é de suma importância. São países que precisam de proteína animal, do agronegócio, em geral. Então, com certeza, isso pode fomentar e pode crescer”, diz Saifi, destacando que a demanda por esses países é liderada, principalmente, por carnes e grãos.

Fortalecendo relações

A passagem da comitiva liderada pelo presidente Jair Bolsonaro pela Arábia Saudita integrou um roteiro de viagem cumprido no final de outubro, iniciado pela Ásia, com visitas ao Japão e a à China. No Oriente Médio, além dos sauditas, a comitiva passou por Catar e Emirados Árabes, o que rendeu a assinatura de acordos de cooperação em diversas áreas.

A missão brasileira deixou a Arábia Saudita, última parada da viagem, com a promessa de investimentos de US$ 10 bilhões do fundo soberano do país em áreas de interesse do governo brasileiro. No setor privado, a BRF anunciou que vai investir US$ 120 milhões em uma nova planta na Arábia Saudita. A empresa também tem uma planta industrial em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes e opera no mercado árabe com uma marca voltada para produtos halal, criada em 2017.

Não houve, no entanto, pelo menos até o momento, sinalização da reabertura de plantas frigoríficas para exportar frango ao mercado saudita, o que ainda é esperado pela indústria do setor. Em janeiro, o país anunciou um embargo, reduzindo de 30 para 25 o número de unidade brasileiras que, efetivamente, embarcam o produto para o país. Até então, havia 58 habilitações no total.

“Há a possibilidade de reabilitação de plantas frigoríficas desabilitadas. O Brasil tem uma porta interessantíssima para negociar a reabilitação e acredito que, com um pouco mais de trabalho, até em habilitar mais plantas e abrir novos negócios nesses países”, analisa Saifi, reforçando seu otimismo.

Para Ali Saifi, a missão fortaleceu as relações e trouxe a expectativa de aumento do comércio do Brasil com países árabes, o que tende a refletir no agronegócio. Na visão dele, brasileiros e árabes trabalharam de forma clara seus objetivos em relação ao parceiro. Da parte do Brasil, houve um reconhecimento da importância do mundo árabe. E “muitas coisas foram desmistificadas” a respeito da região.

“É possível ampliar os negócios. Nas não é só isso. Temos grandes negócios com os países árabes e temos que manter. O Brasil está propondo uma agenda positiva, buscando também os interesses dos países árabes, oferecendo a eles onde investir em lugares produtivos”, afirma.

Cenário bem diferente de meses atrás, quando o futuro da relação do Brasil com o mundo árabe chegou a ser questionado, em meio à intenção do governo de transferir a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que não foi feito. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reconheceu por diversas vezes que havia uma preocupação, especialmente para a indústria de proteína animal.

“O Brasil tem que estar bem com todo o mundo. A aproximação com Israel ão atrapalha a relação com os países árabes, sempre lembrando os limites e mantendo o respeito entre as partes. Os países árabes são amigos, clientes importantes e, daqui em diante, investidores de suma importância”, pondera Saifi.

Acreditação

Para a própria Cdial Halal, o fortalecimento das relações entre o Brasil e os países árabes veio em um momento importante. A certificadora obteve, recentemente, a renovação de sua habilitação para atestar a procedência halal de produtos destinados aos países da região do Golfo Pérsico.

Concedida pelo Centro de Acreditação do Golfo (GAC, na sigla em inglês), a autorização vale por quatro anos. Permite que a empresa certifique produtos destinados a mercados, como Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Emirados Árabes, Catar, Iraque e Bahrein.

“Não apenas mantém nossos negócios com as empresas que já trabalham conosco como possibilita o crescimento de participação nesses mercados. Tendo boas relações com os países árabes, a expectativa para nós é boa e para o Brasil também”, diz o diretor-executivo da empresa.
Source: Rural

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