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O diretor-executivo da CitrusBr avaliou como um indicativo de que uma posição sobre o assunto ainda está aberta no país asiático (Foto: Thinkstock)

 

A indústria brasileira de suco de laranja mantém a confiança em uma maior participação na China, mesmo reconhecendo que as negociações estejam acontecendo “aos poucos”. Na semana passada, o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), Ibiapaba Netto, esteve em audiência com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de quem disse ter recebido informações sobre as conversas relacionadas à commodity.

“A ministra destacou a evolução das conversas com os chineses, segundo ela, interessados em seguir no diálogo sobre as questões ligadas ao #sucodelaranja. Aos poucos, vamos construindo novas pontes para o futuro desse nosso tão importante produto”, publicou Netto, em seu perfil no Linkedin.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve na China na semana passada, integrando a comitiva da viagem do presidente Jair Bolsonaro para países da Ásia e Oriente Médio. Ela voltou ao Brasil trazendo na bagagem acordos para a exportação de carne termoprocessada e de farelo de algodão, além da expectativa de novas habilitações de frigoríficos para embarcar carnes para os chineses.

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Em relação ao suco de laranja, Ibiapaba Netto destacou o fato do assunto ter sido mencionado de forma espontânea na pauta das discussões bilaterais. Em conversa com Globo Rural via internet, o diretor-executivo da CitrusBr avaliou como um indicativo de que uma posição sobre o assunto ainda está aberta no país asiático.

“Eu estive lá um mês atrás e eles estão nesse período de discussão interna. Tem que deixar o tempo fazer seu trabalho”, disse ele, reforçando a avaliação de que, embora ainda não haja nada de concreto, existe uma sinalização de boa vontade dos chineses. “O que, em se tratando de China, é um ótimo sinal”, acrescentou.

A China ainda representa uma pequena parte das exportações brasileiras de suco de laranja. De janeiro a setembro deste ano, os embarques somaram 27,88 mil toneladas, com uma receita de US$ 48,89 milhões, segundo dados do Ministério da Agricultura. As exportações totais do produto no período somaram 1,56 milhão de toneladas, com um faturamento de US$ 1,3 bilhão.

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Do ponto de vista dos chineses, o suco brasileiro tem papel relevante. De acordo com a CitrusBr, representa cerca de 60% do que eles importam. Mas, na visão da entidade, ainda é possível aumentar ainda mais essa participação. O consumo de suco de laranja na China vem crescendo de forma significativa, enquanto cai em mercados mais tradicionais, como Estados Unidos e Europa.

“A China vai acontecer. A questão é quando isso vai acontecer e a velocidade. Melhorar o acesso ajuda a fazer com que isso seja mais célere”, disse Netto. “A questão é que o governo chinês também avalia o impacto sobre a produção local de fruta e de suco e pode ou não fazer concessões”, acrescenta.

O objetivo da indústria brasileira é conseguir a revisão de uma barreira tarifária que, em sua avaliação, inibe uma entrada maior no país asiático. Se a mercadoria é desembarcada nos terminais da China a uma temperatura de 18 graus Celcius negativos, seja suco concentrado ou não, é cobrada uma tarifa de 7,5%. Se estiver a até 17,9 graus Celcius negativos, a taxa é de 30%.

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É uma barreira técnica que não impede, mas que, na visão da CitrusBr, dificulta a logística das exportações. Manter a uma temperatura de 18 graus negativos, pagando uma tarifa menor, só é possível quando o suco é embarcado em tambor. No embarque a granel, o suco concentrado chega entre oito e dez graus negativos e o NFC chega entre zero e um grau positivo, níveis onde incide a tarifa mais alta.

“O ganho de escala logístico que você consegue com o granel é importante na nossa operação. Então, para pensarmos em um dia ter uma operação a granel na China, tem que resolver isso. O que pedimos é que não haja diferenciação de tarifa por causa da temperatura. Se pagamos 7,5% para o suco congelado a pelo menos -18 graus, que se mantenha para o que não for nessas condições”, explicou.

De seu lado, a entidade sinalizou para os chineses a possibilidade das associadas construírem terminais privados no país, o que, segundo Ibiapaba Netto, poderia ser concretizado a depender do ganho de escala obtido a partir da melhoria das condições de acesso ao mercado. Ele considera que, antes da construção, seriam necessárias ações como investimento em promoção do suco brasileiro na China.

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Além de acompanhar as conversas entre governos, o executivo afirmou que a CitrusBr tem falado com representantes da indústria local. A intenção é convencê-los a sinalizar ao governo a ideia de que uma abertura maior de mercado para o produto do Brasil seria positiva para as cadeias produtivas dos dois países.

“Eles não precisam fazer isso de uma vez. Podem melhorar um pouco o acesso e sinalizar que a conversa continua e, nisso, vamos tendo mais alguns anos de conversa até chegar onde precisa”, afirma Netto.
Source: Rural

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