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Fogo, queimada, Amazônia, Altamira, floresta, Pará, BR-163, rodovia, desmatamento (Foto: Emiliano Capozoli/Ed.Globo)

 

A maior parte do desmatamento ilegal na Amazônia é causada por grileiros, que invadem áreas públicas e até mesmo privadas. Eles contratam trabalhadores para cortar as árvores de maior valor, como ipê, mogno e castanheiras. Depois, retiram as árvores de porte médio, com o uso do “correntão”. Presas a tratores de esteiras, as correntes afiadas de aço arrastam as árvores até derrubá-las.

É possível comprar as correntes em sites de comércio eletrônico como Mercado Livre e OLX. Após o corte raso, espera-se o fim da chuva para queimar o mato seco. A área desmatada, que meses atrás era uma floresta rica em biodiversidade, está pronta para receber as sementes de “brachiaria” e se transformar em um pasto. O próximo passo é vender a nova fazenda a alguém que está disposto a esperar alguns anos para a sua legalização.

O termo grilagem se refere à uma prática antiga de envelhecer escrituras falsas para se conseguir a posse de uma terra. Os papéis falsificados eram colocados em uma caixa com grilos, que os tornavam amarelados e com uma aparência de antigo.

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Oito dos municípios com maior número de focos de fogo na Amazônia estão na lista dos dez mais desmatados este ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), relativos aos primeiros oito meses do ano. Isto comprova que na floresta a queimada segue o rastro do desmate.

Um caso emblemático do “modus operandi” do desmatamento na Amazônia foi o “Dia do Fogo”, que aconteceu no dia 10 de agosto em Novo Progresso, Sudoeste do Pará, uma das cidades da lista das mais desmatadas do país. Neste dia, convocados por um grupo de whatsaap, grileiros, comerciantes e fazendeiros da região atearam fogo em áreas de matas, concluindo o processo de desmatamento iniciado meses antes.

O desmate foi tão intenso que faltou óleo queimado para lubrificar as motosserras. Para acelerar o corte das árvores foram recrutados operadores de vários cantos da Amazônia e até do Nordeste às florestas de São Felix do Xingu, Novo Progresso e Altamira, no Pará. O óleo queimado facilita a penetração dos dentes das motosserras para o corte das toras maiores.

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Em um áudio ao qual a revista Globo Rural teve acesso um produtor da região, que seria Neri Prazeres, ex-prefeito de Novo Progresso, comenta com um amigo (Ricardo) a devastação da floresta. “Deixa eu te falar, cara. Eu tô bastante preocupado com o que está vindo por aí. Olha. O desmatamento aí na região, naquela região de São Félix do Xingu ali, divisa…próximo a Progresso e no Progresso, vai ter maior…diz que tá tendo o maior desmatamento da história”, diz Prazeres.

Dados do INPE comprovam que Novo Progresso, São Felix do Xingu e Altamira tiveram números recordes de desmatamento e queimadas este ano, em relação a anos anteriores.

Ao contrário do que acontece nos Cerrados, onde o fogo faz parte da dinâmica do bioma, na Amazônia ele é um elemento raro. A floresta tropical é extremamente úmida e a imensa maioria dos incêndios é provocada pelo homem, como disse Ane Alencar em entrevista à Época. Diretora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental na Amazônia e especialista em incêndios na floresta, Ane alerta que a ação humana mudou o regime do fogo na região, com desmatamentos e mudanças climáticas.

De acordo com o Instituto, dos 45.256 focos de fogo registrados no bioma Amazônico de janeiro ao final de agosto, 33% ocorreram em propriedades privadas, que cobrem 18% da área total da Amazônia. Em imóveis situados em áreas de floresta, por força do Código Florestal, o produtor rural deve preservar 80% da área como reserva legal.

Boa parte dos desmatamentos em áreas privadas acontece pela impaciência do fazendeiro, que resolve ampliar a sua área de produção sem esperar a licença ambiental. Devido à burocracia, a autorização para o desmate costuma demorar vários anos.
Source: Rural

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