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algodao-algodão (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

 

O aumento da produção brasileira de algodão nos últimos anos trouxe espaço a mais a ser ocupado pelos fornecedoras de insumos. Mas o cenário mudou. Com as expectativas mais conservadoras, de manutenção ou até redução de área plantada na próxima safra, representantes de empresas de sementes e químicos no 12º Congresso Brasileiro do Algodão, em Goiânia (GO), avaliam que a disputa será por market share. E apostam no portfólio e na estratégia comercial para bater as metas.

Obviamente, ninguém admite perder mercado na safra nova. A Basf fala em até dobrar a área plantada com a sua variedade mais recente, lançada em 2018. No ciclo passado, foram 100 mil hectares, afirma o gerente de negócios de sementes de algodão, Warley Palota. A promessa da nova cultivar é de tripla proteção contra lagartas e tolerância aos herbicidas glifosato e glufosinato de amônia.

“Como houve queda acentuada de preço nos últimos meses, com maior oferta de outros países e consumo estável, há uma cautela. Em um ano desafiador, quanto mais eficiente for o produtor, mais sucesso terá”, diz ele, que considera mais provável um cenário de manutenção de área plantada.

Para Palota, em momentos como o atual, conseguirá se diferenciar quem entender melhor a demanda do cliente. “O barter está indo bem. Vai ao encontro da necessidade do produtor”, pontua ele.

O diretor de Negócios Brasil da FMC, Marcelo Magurno, avalia que o financiamento está mais deslocado para o setor privado e vem sendo criados mecanismos para suprir a demanda por crédito. Mas ele ainda não vê mudança significativa tão imediata na estrutura de funding do setor.

Magurno afirma que a situação atual do mercado de algodão não surpreende, já que ciclos positivos e negativos fazem parte da atividade agrícola. Para ele, será fundamental garantir maior produtividade. O cenário da empresa para a safra 2019/2020 não considera redução do uso de tecnologia pelo cotonicultor.

Apostando em sua linha de herbicidas, nematicidas, fungicidas e bioestimulantes, a FMC promete estrutura pronta para suprir qualquer demanda. No ciclo 2018/2019, afirma Magurno, a produção foi suficiente para atender uma safra e meia. Para a próxima temporada, ainda que veja uma competição mais acirrada por espaço na lavoura, a proposta é a mesma.

“Não vamos deixar de investir na cultura. O produtor não deve reduzir o investimento em tecnologia e nós não vamos fazer diferente. Nossa proposta é atender e dar todo o suporte à demanda do produtor”, promete Magurno.

Na Corteva, o raciocínio é semelhante. O líder da área de inseticidas para Brasil e Paraguai, Thomas Scott, avalia que, diante das expectativas atuais para o novo plantio, a competição será em eficiência e ganho operacional. Se a produtividade determinará a rentabilidade do cotonicultor na safra que vem, tecnologia e inovação na lavoura serão fundamentais.

A principal aposta da empresa para o ciclo 2019/2020 no segmento de químicos é um inseticida recomendado para o controle do pulgão que acaba de ser aprovado comercialmente no Brasil. A promessa é conciliar a ação de choque e o longo período de controle, além de seletividade em relação a inimigos naturais das pragas do algodoeiro.

“A safra 2018/2019 foi boa e conseguimos crescer. A expectativa é continuar crescendo, em função dos lançamentos. Estamos apostando em nossos novos produtos. A estratégia comercial é parte do atendimento à necessidade do produtor. O algodão é uma cultura estratégica para nós”, afirma Scott.

Francisco Soares, presidente da Tropical Melhoramento e Genética (TMG) enxerga cenário apertado no crédito e acredita que “é ano para barter”. Em sua avaliação, a área de algodão na próxima safra pode ser estável ou até 5% menor que a anterior. Ainda assim, depois do resultado positivo na temporada passada, a expectativa é manter a trajetória ascendente.

A empresa também aposta no catálogo, prometendo maior resistência a pragas e doenças, menor necessidade de aplicação de produtos de controle e alta produtividade. A TMG é licenciada de biotecnologia das principais fornecedoras do setor, explica Soares. E tem um programa próprio de melhoramento e seleção de algodão, que já dura 15 anos.

“Esperamos crescer. Estão chegando tecnologias mais novas. Mesmo que não cresça a área plantada, eu posso ganhar em market share”, avalia.

*O repórter viajou a convite da Abrapa
Source: Rural

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