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El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico (Foto: Editora Globo)

 

O inverno está começando nesta sexta-feira (21/6) com uma chance de mais de 50% de influência do fenômeno climático El Niño sobre o Brasil, avalia o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com base em dados gerados pelos principais centros meteorológicos internacionais, o fenômeno, causado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, deve perdurar até o início da primavera.

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“Os impactos são variados, tendo em vista as dimensões do território brasileiro e sua diversidade climática. Em algumas áreas, produz secas extremas e, em outras, eleva as temperaturas”, diz o Inmet, em boletim divulgado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), nesta semana.

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No Sul, por exemplo, a expectativa é de chuvas acima da média em grande parte da região, com frentes frias provocando variações de temperatura. Mas, no geral, as chuvas devem se manter acima da média, com exceção da parte mais ao Sul do Rio Grande do Sul e no leste de Santa Catarina. Nessas regiões, há possibilidade de temperaturas até mesmo abaixo de zero em algumas áreas em julho.

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Já para o Centro-Oeste, o clima deve ficar mais seco, com níveis de umidade do ar abaixo de 30% ou até mesmo de 20%. Segundo o publicado pelo Mapa, as previsões para o inverno apontam para chuvas dentro ou abaixo da média em grande parte da região. Massas de ar quente e seco devem levar a temperaturas acima da média, especialmente entre os meses de agosto e setembro.

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Em que pese as indicações dos Inmet e de outros institutos de climatologia, o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, é mais cético em relação à ocorrência de El Niño no Brasil. Ele explica que há um aquecimento nas águas do Oceano Pacífico, que poderia favorecer presença do fenômeno. Mas isso está ocorrendo só na área central, não na parte que banha a América do Sul.

Santos acrescenta que é essa situação que tem feito chover no Meio-Oeste dos Estados Unidos, a ponto de atrasar o plantio e prejudicar o desenvolvimento da safra de grãos 2019/2020 na região. Mas não caracteriza influência sobre o Brasil. O agrometeorologista afirma que a atmosfera não está se comportando de acordo com chama de forma clássica do fenômeno.

“Eu não enxergo influência de El Niño clássico no segundo semestre deste ano. Uma coisa é falar do fenômeno. Outra é a atmosfera responder como tal. E não respondeu”, afirma Santos.

O agrometeorologista lembra que os institutos internacionais vêm mencionando a ocorrência de El Nino ao menos desde setembro de 2018. Pondera, no entanto, que essas características não foram registradas no Brasil. Caso contrário, o Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) não teria registrado uma boa produção, já que a tendência seria chover menos na região durante o verão. Diferente da região Sul.

“Se fosse El Niño, as chuvas teria chegado mais cedo no Centro-Norte do Brasil, haveria mais chuvas no sul durante a primavera e o verão e estiagem de moderada a severa no Matopiba e Nordeste, de modo geral, principalmente, durante o verão”, argumenta Santos.

Ele avalia que o início da safra 2019/2020 tende a ser com chuvas irregulares nas áreas central e norte do Brasil pelo menos até o final de outubro, quando o regime começa a se regularizar.

Frente Fria

Para os próximos dias, os mapas da Rural Clima apontam uma frente fria avançando pelo sul do Brasil, com possibilidade de pancadas de chuva no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e algumas localidades ao sul do Paraná. No começo da próxima semana, essa frente fria tende a avançar com mais intensidade para o sudeste, trazendo mais chuvas para a metade sul do território nacional (veja mapa abaixo).

Marco Antonio dos Santos avalia que, na última semana do mês, a previsão é de chuvas em áreas produtoras do Sul do Brasil e também sobre São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, com possibilidade de chegar em Goiás e Mato Grosso. É possível também chover em toda a faixa litorânea e interior do Nordeste.

“Essas chuvas deverão atrapalhar o andamento da colheita tanto do café quanto da cana e do milho safrinha, podendo ocorrer um dia ou dois de paralisação do trabalho”, diz o agrometeorologista, em um vídeo divulgado pela internet.

Nas estimativas do agrometeorologista, o Brasil deve ter, de um modo geral, um inverno menos rigoroso neste ano, com maior diferença entre as temperaturas máximas e mínimas registradas. Assim, os dias tendem a ser mais quentes e as madrugadas mais amenas. Entre julho e setembro, as chuvas devem estar mais concentradas no sul, com ocorrências no sudeste e em Mato Grosso do Sul.

(Foto: Rural Clima)

 

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Source: Rural

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