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Eduardo e Maurício Bortoli (Foto: Divulgação)

 

“Esta conquista foi construída à base de muito suor e lágrimas.” Com essas palavras, o agricultor Maurício De Bortoli, 40 anos, do município de Cruz Alta (RS), sintetizou a história de sua família, que culminou com o prêmio de campeão da 11ª edição do Desafio CESB de Máxima Produtividade de Soja.

Ao lado do irmão, Eduardo De Bortoli, 36, ele foi o responsável pelo talhão que produziu 123,88 sacas por hectare. A maior média entre 863 propriedades de sojicultores auditadas pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) em todo o País. É mais do que o dobro da média nacional, 53,4 sacas por hectare, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O resultado do concurso foi divulgado na última terça-feira (18/6).

Atualmente, a família Bortoli planta em torno de 10 mil hectares, distribuídos por nove fazendas, no Rio Grande do Sul. Metade da área é própria. O restante, eles arrendam. É uma grande multiplicação, considerando que o patriarca Aquelino, avô de Maurício e Eduardo, começou em 1977 com apenas 70 hectares, onde plantava trigo. Em 1981, a família adota o Sistema Plantio Direto, intensifica o cultivo da soja e vai comprando mais terras, utilizando o sistema de empresa familiar, com os seis filhos homens de Aquelino revezando-se em turnos para otimizarem, durante as 24 horas do dia, as poucas máquinas que possuíam. As duas irmãs mulheres não deixavam por menos, cuidando de comida e roupas lavadas para todos. Eram liderados por Valmor, o irmão mais velho e pai dos rapazes que foram buscar o prêmio em Londrina (PR) neste dia 18.

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“Os oito trabalhavam muito, não deixando as máquinas pararem nem um pouco. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O lucro, investiam em terras. Assim foram multiplicando”, completou Maurício, de fala séria e palavras bem medidas. Mesmo assim, deixando visível a emoção.

Nos anos 1990, os Bortoli fundaram a Sementes Aurora, para agregar valor à produção e não ficarem reféns do mercado. Atualmente a empresa gera 118 empregos diretos e tem como sócios quatro dos oito filhos de Aquelino.

Representantes da terceira geração, Maurício e Eduardo se formaram em Agronomia e se encarregaram de tocar adiante a produção de forma visionária, estudando e investindo em inovações tecnológicas.O talhão que se tornou vencedor tem 2,8 hectares e está a 449 metros de altitude. Em toda a área, eles afirmam ter média de 85,8 sacas por hectare. Considerando somente onde atua o pivô de irrigação, a média sobe para 107,1 sacas por hectare.

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Por sinal, é a primeira vez que o campeão nacional vem de um inscrito na categoria “irrigado”. Nas edições anteriores, os vencedores sempre se enquadravam no grupo “sequeiro”.

“Na nossa região, irrigação é determinante. Mas nada é feito ao acaso. Investimos em três sondas de solo que nos mostram se é necessário irrigar ou não”, destaca Eduardo. Quando foram convidados pelos gestores do prêmio a destacar quais são os fatores de segredo do sucesso, os produtores responderam com “conhecimento, genética e manejo”.

Máquina agrícola exposta no CESB (Foto: Divulgação/ CESB)

 

No item manejo, não abrem mão de uma boa rotação de culturas. Na segunda safra, cultivam um mix de plantas de cobertura em um terço da área, em outro terço somente gramíneas também para cobertura e, no restante, trigo, cevada e aveia branca para vender os grãos.

Daí o questionamento é inevitável: mas vocês produzem sementes. E os produtores que vendem soja para esmagar, como podem abrir mão do milho na segunda safra? Maurício responde de jeito seguro. “Nosso modelo é totalmente replicável. Utilizamos tecnologias simples, que se pagam. Não somos contra plantar milho, mas não é bom ficar só em duas culturas”.

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A auditoria do CESB também demonstrou que, para cada um real que os campeões investiram em toda a área plantada, tiveram como resultado R$ 2,70 de lucro.Sobre metas para o futuro, não fazem segredo. Estudar mais, continuar testando tecnologia na área experimental de 30 hectares que possuem e se aprimorarem. “Porque conhecimento não ocupa espaço”, finaliza Maurício.

“Objetivo é difundir tecnologias”

De acordo com o diretor-presidente do CESB, Leonardo Sologuren, as quatro mil inscrições do Desafio 2018/2019 representam 11,5% das áreas plantadas de soja do Brasil, ou 4,14 milhões de hectares. O País conta com cerca de 36 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa.

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Ele considera expressiva a quantidade de participantes e diz que, mais importante do que aumentar esses números, é difundir as tecnologias utilizadas pelos campeões.“Nossa meta é compartilhar informação. Quando analisamos nossos cases de sucesso, percebemos que todos fazem o básico bem-feito. Alguns produtores, às vezes, se esquecem de princípios básicos. Isso não pode ocorrer”, comenta Sologuren. Todos os dados técnicos, detalhados, dos vencedores estarão disponíveis no site do CESB a partir de 19/06. O endereço é www.cesbrasil.org.br

Campeões regionais

O segundo lugar e o título de maior produtor em uma área não irrigada foram também para o Rio Grande do Sul. A propriedade da Família Tolotti, da cidade de Erval Seco, conseguiu colher 123,5 sacas por hectare. Essa foi também a campeã na Região Sul. Já o campeão da Região Sudeste foi Matheus Grossi Terceiro, da cidade de Patrocínio (MG). Ele colheu 110,45 sacas por hectare. Na Região Centro-Oeste, o grupo Fazenda Reunidas, de Rio Verde (GO), se consagrou campeão, com a produção de 108,74 sacas por hectare. O Estado da Bahia ficou com o campeão da Região Norte-Nordeste. Com 96,86 sacas por hectare, o produtor João Gorgen foi o destaque.

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Source: Rural

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