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Tereza Cristina, ministra da Agricultura (Foto: Divulgação/MAPA)

 

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reconheceu, que a agropecuária não “carrega” a atividade econômica brasileira da mesma forma que em anos anteriores. Mas avaliou que o setor deve continuar a ser o motor da economia ao menos pelos próximos três ou quatro anos. Ela fez as afirmações em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, gravada na tarde desta segunda-feira (17/6).

No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto da Agropecuária (PIB Agro) teve uam retração de 0,5% em relação ao quarto trimestre de 2018. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a retração foi de 0,1%. Ainda assim, no acumulado dos últimos 12 meses terminados em março, o setor cresceu 1,1% de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O assunto China e Estados Unidos, enquanto não se resolve de uma maneira definitiva, fica vai e volta, pode ajudar o PIB da agricultura brasileira. A agricultura continua crescendo. As commodities caíram um pouco, mas eu não vejo a China parar de importar soja mesmo com a peste suína. O Brasil vai crescer na exportação de milho. Ainda temos espaço para crescer. Precisamos aproveitar esse momento de aquietação nesse setor e agregar valor”, afirmou.

Em outro momento, Tereza Cristina disse que ainda não foi medido o  efeito da grave epidemia de Peste Suína Africana (PSA) na China sobre a demanda local por grãos. Destacou, no entanto, a oportunidade para o setor de carnes do Brasil. Acrescentou que, depois da recente suspensão das exportações para os chineses por conta de um caso de mal da vaca louca em Mato Grosso, o governo está revendo o protocolo sanitário bilateral.

“A questão da peste suína é grave e vai durar muito. Estamos discutindo o protocolo com a China e temos grande interesse em carnes e eles têm interesses em colocar recursos para produzir aqui. Os preços na China são altamente compensadores. Todo mundo quer, mas nem todo mundo está apto”, disse.

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Tereza Cristina disse ainda que há uma grande chance de se fechar em breve o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mesmo reconhecendo que os europeus “jogam pesado” e que a agricultura é um assunto sensível nas negociações. Pontuou que os subsídios pagos pelo europeus à agropecuária são excessivos, mas estão caindo porque eles não conseguem mais pagar.

“A Argentina quer muito um acordo, o Uruguai com menos vontade. Mas o nosso bloco (Mercosul) hoje está com apetite maior para um acordo, mas se a queda for grande, não vamos fazer. Ninguém vai prejudicar o seu país. Mas há um clima bom para isso. O assunto sensível é a agricultura. Estamos caminhando para um acordo que, para o agronegócio, vai ser bom”, avaliou.

Do lado do Brasil, Tereza Cristina pontuou que o país consegue ter uma agropecuária competitiva mesmo com subsídios. E disse apoiar a agenda mais liberal do Ministério da Economia, que prevê a redução dos incentivos ao setor. No entanto, usando como exemplo a situação dos produtores de leite brasileiros, ponderou que ainda há segmentos da agropecuária brasileira que precisam ser subsidiados e que a redução deve ser gradual.

“Eu não sou a favor dar a vida inteira subsídio  ou ajuda a alguém, mas é preciso fazer um ajuste antes do desmame”, argumentou na entrevista, que teve a participação do diretor de Redação da Globo Rural, Bruno Blecher.

As relações do Brasil com mercados importantes para o agronegócio passou por momentos de incerteza com o novo governo. A maior aproximação com Israel, por exemplo trouxe um temos, especialmente na indústria de carnes, de que a reação do mundo árabe poderia ser negativa, com efeito nas exportações brasileiras. Tereza Cristina prepara uma viagem a pelo menos quatro países árabes.

Questionada durante a entrevista sobre como tem conversado sobre essas questões com o Ministério das Relações Exteriores, a ministra disse, no começo, a pasta não conhecia o agronegócio, mas agora conhece. E que tem um bom entendimento como ministro Ernesto Araújo.

“No início, cada um falava o que pensava. Agora há um entendimento e estamos trabalhando em equipe. O Brasil precisa de acordos comerciais com outros países porque produz muito e não usa tudo aqui”, disse. Nesse sentido, acrescentou, o Brasil também precisa entender melhor que o comércio com outros países é uma via de mão dupla e precisa se abrir mais.

Tereza Cristina negou que os representantes do agronegócio estejam descontentes com o governo. Segundo ela, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) está em “lua de mel” com o Itamaraty. E o presidente Jair Bolsonaro tem sido aliado do setor.

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Source: Rural

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