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BRF avalia possível fusão com a Marfrig (Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo)

 

O CEO e presidente do Conselho de Administração da BRF, Pedro Parente, disse, na tarde de ontem (11/6), que uma eventual fusão com a Marfrig tem que ser avaliada pela sua complexidade e que ainda não é possível ter certeza do fechamento do negócio. Diferenças de tamanho e de atuação das duas empresas no mercado estão entre os pontos em que o conselho da empresa está atento, de acordo com o executivo.

“São duas empresas grandes que, embora trabalhando com proteína animal, tem diferenças importantes. Tem mercados diferentes que são objetos de atuação comercial. Tem uma diferença importante em relação ao boi. A Marfrig não está em toda a cadeia, especialmente a cadeia à montante. Não tem o integrado, que é importante para a BRF”, disse, durante o evento One Agro, promovido pela Syngenta, em Campinas (SP).

No dia 30 de maio, a BRF informou ter iniciado um estudo sobre uma eventual fusão com a Marfrig. Se for fechado, o negócio formará a quarta maior processadora mundial de proteína animal, com atuação nos mercados de bovinos, suínos e aves. Segundo Parente, o que há de concreto até agora é que o Conselho da BRF aprovou a continuidade dos estudos.

“É uma transação que pode formar um player relevante e que, por outro lado, tem muitas complexidades. Estamos avaliando. Se tem ou não chance de fechar, é muito difícil avaliar agora”, disse Parente.

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Durante sua participação no evento, ele ressaltou que 2018 foi difícil para a BRF. Fazendo uma alusão ao futebol, disse que a empresa terminou o ano perdendo o jogo de cinco a zero, reflexos de problemas que vieram desde o embargo da Rússia, no final de 2017, greve dos caminhoneiros no meio do ano passado, e a Operação Trapaça, terceira fase da Carne Fraca, que atingiu exclusivamente a empresa.

Outro fator que pressionou os resultados, disse Parente, foi o aumento dos custos. Segundo ele, os preços dos grãos utilizados na ração dos planteis foram 35% maiores na comparação de 2018 com 2017. A BRF, de acordo com seu CEO, compra 15% da produção nacional de milho, além do que chamou de “parte relevante” da produção de farelo de soja.

“Foi um ano muito difícil. A BRF é extremamente complexa porque operamos em uma cadeia longa. Quando decidimos hoje, estamos decidindo a produção para daqui um ano”, destacou ele, que, antes da BRF, presidiu a Petrobras.

O cenário para 2019 é mais otimista, avaliou Parente. Destacou que a BRF tem feito um trabalho permanente de prospecção do mercado de alimentos halal, produzidos de acordo com as tradições muçulmanas. Especialmente na Arábia Saudita e Turquia.

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Pedro Parente também enxerga oportunidades de crescimento na China. Destacou que o cenário formado a partir da guerra comercial dos chineses com os Estados Unidos é histórico e o Brasil, talvez, seja o que mais pode tirar proveito da situação, principalmente, por conta da complementariedade de sua economia com a do país asiático.

O CEO da BRF manifestou, no entanto, cautela em relação aos efeitos da epidemia de peste suína africana na China sobre o mercado global de carne suína. Na visão do executivo, não é possível tomar decisões de mercado por não se ter a dimensão exata do tamanho do problema nem de como as autoridades chinesas vão lidar com ele.

“Vamos preparar decisões mais substanciais quando tivermos clareza da dimensão desse impacto. Sabemos, qualitativamente, que é um episódio de proporções gigantescas, que tem e vai ter consequências importantes na realocação da oferta global de proteína”, disse Parente.

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Source: Rural

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