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Estrutura tem 2,60 metros de altura e 2,40 metros de largura, é climatizada e conta com cama (Foto: SleepBoll/Divulgação)

 

Um levantamento do Ministério da Saúde apontou que, entre os anos de 2007 e 2016, os caminhoneiros foram os profissionais que mais morreram ao exercerem suas atividades pelas estradas do Brasil. Os dados são dos Sistemas de Informação de Agravo e Notificações (SINAN) e de Mortalidade (SIM) e mostram que esses trabalhadores corresponderam a 13,2% de todas as 16.568 mortes computadas no período.

Contra o alto índice de mortes dos motoristas de caminhão, a Startup porto-alegrense SleepBoll desenvolveu a “cabine de sono”, com estrutura semelhante às acomodações já encontradas em alguns aeroportos mundo afora e também brasileiros, como os de Viracopos e de Guarulhos, ambos em São Paulo. A estrutura tem 2,60 metros de altura e 2,40 metros de largura, é climatizada e conta com cama. As cabines são feitas por duas fábricas nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A proposta é que os espaços para descanso  sejam instalados em postos de combustíveis e praças de pedágio. O primeiro protótipo do projeto, ainda em fase inicial, está em operação desde o início de maio em um posto na cidade de Nova Santa Rita (RS). A reserva da cabine é feita pelo aplicativo da SleepBoll e cada hora de uso custa R$ 12. O valor não é pago pelo caminhoneiro, mas pela transportadora, em conformidade com o que prevê a legislação.

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Segundo o CEO da SleepBoll, Luciano Paixão, a iniciativa começou a ser pensada em 2015, quando da aprovação da chamada Lei dos Caminhoneiros (nº 13.103), que dispõe sobre as condições de segurança, sanitárias e de conforto nos locais de espera, de repouso e de descanso dos motoristas profissionais de transporte rodoviário de cargas e de passageiros.

Ele explica que, para viabilizar o projeto, foi necessário investimento inicial de R$ 500 mil e a continuidade da instalação das cabines em todo o país agora depende da captação de novos recursos de investidores. O custo de produção de cada unidade fica em torno de R$ 25 mil.

Pontos de descanso estão previstos na Lei dos Caminhoneiros (nº 13.103), vigente desde 2015. (Foto: SleepBoll/Divulgação)

Por se tratar de uma plataforma de econômica partilhada, cada agente dá sua parcela de contribuição e recebe como contrapartida uma parte da receita. “Os cedentes dos pontos de parada, os investidores e a plataforma, em si, ficam com 33,33% cada. O controle da movimentação financeira é feito online. Além disso, queremos eliminar intermediários e desmonetizar os usuários finais. A limpeza, segurança e espaço, por exemplo, ficam a cargo do cedente de local”, explica.

Para atender a demanda, é necessária a implantação de 500 mil cabines em todo território nacional, sendo 10 em cada ponto, e a Startup planeja começar pelos locais mais próximos a grandes indústrias e aos portos.

Lei dos Caminhoneiros

Há três anos aprovada, a Lei dos Caminhoneiros praticamente não saiu do papel. Segundo o texto, até 2020 o poder público deveria adotar medidas para ampliar a disponibilidade dos espaços de descanso dos caminhoneiros. Está prevista na lei até mesmo a criação de uma linha de crédito para apoio à implantação dos pontos de paradas.

Um dispositivo ainda determina que a jornada diária de trabalho do motorista profissional seja de oito horas, o que, na prática, de acordo com Luciano, não acontece.

Para o CEO, as “cabines de sono” da SleepBoll são uma forma viável de aplicabilidade da legislação. “O Governo tem prazo até ano que vem para fazer algo, mas pouco tem sido feito para salvar a vida dos caminhoneiros. Os passivos trabalhistas desde 2015 já ultrapassam bilhões porque as condições de trabalho são exaustivas. O maior número de acidentes de caminhão acontece após o almoço e o jantar, muitas vezes por conta do cansaço dos motoristas”, finaliza.

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Source: Rural

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