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Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, atrás de China, Egito e Indonésia. (Foto: Divulgação)

 

A decisão do governo norte-americano em elevar a taxa de importação para produtos da China, de 10% para 25%, foi vista com bons olhos pelo setor da piscicultura do Brasil, que é puxado pela produção de tilápia.

Na avaliação do presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China é uma oportunidade de expansão de negócios. “Com a nossa produção temos condições de substituir grande parte do que hoje é produzido pela China. Se aproveitarmos a oportunidade, podemos ampliar nossa capacidade e chegar a vender até 15% do que é comprado pelos Estados Unidos”, afirma.

Para o executivo, um dos maiores entraves da produção de pescado no Brasil é o marco regulatório ambiental nos Estados. Ele lembra ainda dos processos de cessão de uso da águas da União, que tramitam no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e podem expandir o total de peixe produzido atualmente.

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As áreas em análise pelo Governo Federal estão localizadas nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso. Francisco acredita que a liberação deve ocorrer a médio prazo. “Se esses locais forem liberados, podemos aumentar em até cinco vezes nossa produção com relação ao que foi produzido no ano passado”, explica.

A tilápia é a segunda espécie de pescado mais cultivada do mundo. O Brasil é o quarto maior produtor mundial do pescado, atrás de China, Egito e Indonésia. A espécie foi o principal peixe de cultivo exportado em 2018. Só para os Estados Unidos, principal consumidor mundial da espécie, os embarques brasileiros somaram 712 toneladas, gerando uma receita de US$ 5,5 milhões. As importações americanas de tilápia, no entanto, ultrapassaram US$ 1 bilhão no ano passado.

Francisco lembra que, independentemente das tarifas negociadas entre as duas potências mundiais, o movimento do setor no sentido de ampliar as vendas externas de tilápia é constante. Em março, exemplifica, os piscicultores participaram da maior feira para promoção e comercialização de produtos do segmento na América do Norte, a Seafood Expo North America, em Boston (EUA).

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Apesar de projeções otimistas, o presidente pondera que é necessário o Brasil ficar atento aos desdobramentos da guerra comercial. “Os países estão em tratativas sobre o assunto, podendo chegar eventualmente a algum acordo a médio ou longo prazo”.

Tilápia é a segunda espécie de pescado mais cultivada do mundo. (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

Já para Roberto Haag, CEO da Geneseas, muita atenção é necessária diante do atual contexto. “É uma mudança que traz impactos em várias dimensões, que precisam ser avaliadas com cuidado. Em princípio, tendemos a enxergar o aspecto positivo: aumento de competitividade dos produtos brasileiros. Mas precisamos nos ater também às reações dos diferentes mercados produtores, inclusive de outras proteínas animais”, analisa Haag.

Nicolas Landbolt, presidente da Tilabrás, ressalta que o momento é oportuno para a piscicultura brasileira mostrar sua força e eficiência aos norte-americanos. “Além do impacto dos preços, acredito que os americanos voltem os olhos para a compra de peixe com histórico de qualidade, como o do Brasil, e não somente da China. O momento é favorável e propício para mostrarmos o padrão superior de nossos produtos, como a tilápia, produzida em águas de qualidade, sem aditivos, e com garantia de origem. É importante, também, não ficarmos dependentes da discussão econômica e aproveitar o momento para fomentar nossa indústria de peixes de cultivo”, defende.

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Source: Rural

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