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O coelho Kimi fazendo pose na época da Páscoa (Foto: Mariana Barros/ Arquivo Pessoal)

 

Na proximidade da Páscoa, a procura por coelhos aumenta, segundo o GAC, um grupo de pessoas formado pela internet e que visa ajudar coelhos vítimas de maus-tratos em São Paulo. Segundo o grupo, que está em processo de formalização para criar uma Organização Não-Governamental (ONG), a procura aumenta porque as famílias acham uma boa ideia presentear as crianças com coelhos, que se tornaram símbolo da data. Eles ganharam este título pois representam a fertilidade, o nascimento e, com isso, a esperança na vida. 

Porém, a realidade desses animais é diferente do que se imagina, pois não são bichos simples de se criar. Justamente por parecerem animais dóceis, simpáticos e adoráveis, é comum que as pessoas comprem coelhos às cegas, levando em conta o imaginário coletivo, o que pode ser um tremendo engano. Isso e acarreta em um número alto de abandono desse animais sensíveis e, consequentemente, a morte.

 A falta de cuidado com os animais chamou a atenção dos participantes do GAC, formado em 2016. “A gente se juntou e analisamos os casos para entendermos o que poderia ser feito para montar um grupo específico que ajudasse coelho, o que não existia em São Paulo, onde tem muito abandono”, contou Glayce Ingracia, uma das fundadoras do grupo e responsável pelas adoções dos animais.

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Ela conta que é comum “ver uma pessoa comprar um coelho por R$ 10, sem saber, por exemplo, quanto custa uma consulta no veterinário”. E não pode ser qualquer veterinário, tem que ser um especializado em animais exóticos. O processo para se tornar tutor de um coelho é rigoroso e diferente de ONGs que fazem feiras de adoção, pois são animais muito mais sensíveis. “A gente pede para o interessado responder um formulário no qual perguntamos de tudo.

Por exemplo, perguntamos se o portão da casa é telado e a tela deve ser diferente da usada para gatos; eles também não podem ir para a rua, mas conseguem facilmente roer a tela”, explica Glayce. “Pedimos fotos da casa e visitamos quando entregamos o animal. Perguntamos também quantas pessoas vivem na casa, se todos estão de acordo com a adoção, se há alguma criança…”.

Coelhos abandonados em uma caixa em frente ao museu do Ipiranga. Foram batizados de Pedro e Leopoldina (Foto: Arquivo Pessoal)

Diferente de cachorros, coelhos não são aconselhados para crianças por serem animais frágeis. “Temos casos de crianças que derrubam o coelho no chão e ele acabou fraturando a coluna ou quebrando o dente. O problema é que o responsável não tem dinheiro para o veterinário e o animal não volta a andar direito”, exemplifica a Glayce. “Ao mesmo tempo, não adianta não doar coelhos para pessoas que têm criança porque ela vai acabar comprando, o que é muito pior. Então, o que fazemos é instruirmos muito o tutor e ficamos em cima para que o animal não seja tratado de qualquer jeito.” Glayce sinaliza também que eles devem viver fora de gaiolas para poderem pular e ficar de pé.

Os animais cedidos à doação pelo GAC são castrados e, caso a pessoa perceba que o coelho não se adaptou ou, por algum motivo, não pode mais ficar com ele, o Grupo aceita o animal de volta. “Só não pode abandonar”, reitera a fundadora.

Amor por coelhos 

Apesar dos cuidados, todos os que tiveram o prazer de serem tutores de coelhos, adoram e indicam. É o caso da Mariana Barros, administradora e ex-tutora de um lindo coelho, o Kimi (em homenagem ao corredor de Fórmula 1, Kimi Raikkonen), que morreu com 9 anos. Ela concorda com Glayce sobre achar o animais bem mais sensível e conta das preocupações que tinha. “Se o coelho ficar um dia inteiro sem comer, tem que correr para o veterinário. Se ele vomitava, fazia coco verde, qualquer coisa fora do comum, eu correria com ele para o veterinário”, relembra. “Mas quando ele pegava confiança, ele era muito carinhoso. Nesse ponto, coelho lembra o comportamento de gato, demora para se sentir seguro, mas depois de um tempo ele começa a te seguir e ser extremamente carinhoso.”

Mariana Barros com o seu coelho Kimi (Foto: Arquivo Pessoal)

 

O GAC começou, em virtude da Páscoa, uma campanha chamada #CoelhoNãoÉObjeto, a qual reúne as 5 histórias mais marcantes do Grupo com a intenção de sinalizar a importância de não se tratar coelhos como bichos de pelúcia ou objetos.

Um dos casos é o Vitório, que chegou com sarna, com uma aparência de dar dó. Agora ele está ótimo, saudável e em um lar temporário.

O depois e o antes do coelho VItório (Foto: Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste período, perto do feriado, as adoções ficam suspensas, para não ter o risco de animais serem adotados como simples adornos. Glayce explicou que o último mês de março foi recorde de abandono. Em contrapartida, está grande a procura por coelhos. “Provavelmente porque redes como a Cobasi pararam de vender os animais.” Segundo ela, os animais, quando vendidos, desmamam muito cedo e apresentam sarna.

É de suma importância entender que coelhos são animais sensíveis, mas também carinhosos quando ganham confiança. Se você tiver certeza e entender as especificações que o animal precisa, a melhor opção é adotar um coelho para ser o seu mais novo companheiro.

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Source: Rural

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