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A Reforma da Previdência deve ser aprovada, mas não será exatamente a proposta feita pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional. Avaliação foi feita pelo economista José Roberto Mendonça de Barros, diretor da MB Associados, durante o Fórum e Exposição Abisolo, realizado pela entidade que representa empresas de nutrição vegetal, em Campinas (SP).

Mendonça de Barros destacou que o país está conseguindo deixar a recessão para trás. O problema é que essa saída está “inacreditavelmente lenta”. E a agenda das reformas, a começar pela previdenciária, é fundamental para melhorar a situação financeira e fiscal do país e reaquecer a atividade econômica.

“Reforma passa, mas não a pretendida pelo governo. E não se sabe se vai ser suficiente para um crescimento sustentável”, disse ele, durante painel de debates sobre o agronegócio diante do atual momento político e econômico do Brasil.

O economista lembrou que, ao apresentar a proposta de mudanças no sistema de aposentadoria, o governo federal estimou uma economia superior a R$ 1 trilhão em dez anos. Na avaliação dele, se o projeto aprovado prever uma economia de ao menos R$ 800 bilhões nesse período ainda é positivo, para o equilíbrio fiscal.

“Se for uma reforma boa, o Banco Central começa a baixar os juros e a taxa na ponta do crédito começa a baixar. Isso anima os leilões de privatização e concessão, os projetos de infraestrutura começam a aumentar. Isso forma um caldo que vai tornando a realidade mais construtiva. Quem está empregado tem mais disposição de gastar, as empresas têm mais disposição de lançar novos produtos e a máquina começa a rodar”, explicou.

Mendonça de Barros acredita que uma boa reforma da Previdência deve atender, basicamente, a dois aspectos: o primeiro é o aumento do tempo necessário para aposentadoria. O segundo, a eliminação dos privilégios das corporações públicas.

Aliada a investimentos em infraestrutura, a expectativa de melhora da situação fiscal do Brasil em função da reforma pode levar a uma expansão sustentável da economia em torno de 3% de uma forma geral, acredita ele. Em relação ao agronegócio, que, mesmo na crise, obteve resultados positivos, a tendência é manter os níveis atuais de crescimento.

“O agronegócio é muito resistente. É difícil crescer muito mais porque tem limites ao que se pode incorporar de terra, porque os preços caem muito. O desafio do agronegócio é a qualidade do crescimento: agricultura de precisão, exportar bens com maior valor agregado. Mas, como está bem, vai continuar bem, mas não vai crescer muito mais”, diz.

Articulação

Para o cientista político Carlos Melo, a articulação política do governo em torno da reforma tem esbarrado na inexperiência dos aliados no Congresso Nacional. Na avaliação dele, há um processo de maturação, mas o Executivo ainda não tem uma base formada no Legislativo depois de cem dias da posse de Jair Bolsonaro.

E isso levou ao que chama de erros estratégicos. Um deles, não se levar em conta a proposta anterior de reforma, apresentada ainda durante o governo de Michel Temer ao Parlamento. Outro seria uma diferença de discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o próprio presidente da República.

“Olhamos para o ministro da Economia e vemos um discurso claro de defesa da reforma, mas o presidente tem um discurso ambíguo. Uma vez que se apresentou a proposta, vai até o fim na negociação. O ministro não pode ser o articulador político da reforma”, avaliou.
Source: Rural

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