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Na semana passada, o dólar chegou a superar os R$ 4 (Foto: Flickr/Pictures of Money/Creative Commons)

 

A volatilidade do câmbio é fator de preocupação para a Basf. Palavras do vice-presidente da divisão de Soluções Agrícolas para América Latina, Eduardo Leduc. Em resposta a questionamento feito por Globo Rural sobre os efeitos da oscilação do dólar sobre os negócios da multinacional no agro, o executivo destaca que o atual cenário ainda traz incertezas.

“Em 2019 a volatilidade das moedas permanece como um fator de preocupação, devido às incertezas com as reformas locais e o cenário internacional”, diz Leduc, em nota, sem mais detalhes.

Na semana passada, o dólar chegou a superar os R$ 4, em meio a tensões na relação do Executivo com o Legislativo e seus efeitos na tramitação da proposta de Reforma da Previdência entregue pelo governo Bolsonaro ao Congresso. Em março, a moeda norte-americana subiu 4,32% em relação à brasileira. Nos primeiros três meses de 2019, o ganho foi de 7,01%.

Nesta segunda-feira (1/4), no primeiro pregão do mês de abril, a cotação começou o dia com tendência de baixa. Por volta de 12h15, o dólar valia R$ 3,8716, desvalorização de 1,11% em relação ao fechamento da última sexta-feira (29/3).

Projeção para o dólar

Para o mercado financeiro, o dólar deve chegar até o final deste ano valendo R$ 3,70. Faz oito semanas que os analistas consultados pelo Banco Central para o Boletim Focus apostam nessa cotação. No final de 2020, a cotação da moeda norte-americana deve estar em R$ 3,75, conforme o relatório divulgado nesta segunda-feira (1/4) pela autoridade monetária.

No ano passado, o mercado cambial influenciou os resultados da divisão agrícola da Basf. Conforme o balanço de 2018, divulgado em fevereiro, “efeitos negativos do câmbio em todas as regiões diminuíram os lucros”. Além de custos para integrar os ativos adquiridos da Bayer, condição imposta para a concorrente concluir a compra da americana Monsanto.

Eduardo Leduc, vice-presidente da divisão de Soluções Agrícolas para América Latina da Basf (Foto: Divulgação/ BASF)

 

Na nota enviada à Globo Rural, Eduardo Leduc explica que houve um “descasamento” da taxa de câmbio no momento das negociações, da importação de matéria prima e do faturamento dos clientes. “Também tivemos aumentos de custos dos produtos e intermediários que vieram da China em função de novas regras adotadas pelo governo chinês”, diz.

“ Volatilidade nem sempre é bom”

O posicionamento de Leduc reforça análise feita na semana passada pelo presidente da Basf na América do Sul, Manfredo Rübens. Em evento de inauguração de um espaço da companhia, em São Paulo (SP), ele avaliou que uma taxa de câmbio mais estável é melhor, pontuando que a variação da moeda tem efeito diferente, a depender da divisão de negócios da empresa.

“Tivemos uma certa volatilidade no câmbio e volatilidade nem sempre é bom. A gente gosta de ter um ambiente estável para planejar, isso ajuda bastante. Temos muitas áreas diferentes, então não é fácil falar qual vai ser o impacto geral”, avaliou Rübens, em conversa com jornalistas.

Convênio 100

No comunicado enviado à reportagem, Eduardo Leduc também reforça o coro dos preocupados com o fim do chamado Convênio 100, que reduz a base de cálculo do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a movimentação interestadual de insumos agropecuários. Assinado em 1997 e prorrogado várias vezes, o convênio vence dia 30 de abril e tem sido discutido entre representantes e parlamentares ligados ao agronegócio.

“Caso ele não seja renovado, pode provocar um significativo aumento de custos ao agricultor e nos alimentos para a população”, alerta Leduc, na nota.

Um estudo divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta problemas para diversas culturas com a não renovação do convênio. A entidade avalia que segmentos com rentabilidade positiva até este momento passarão a ter resultados negativos.

Nas contas da CNA, o custo operacional da produção de arroz no Rio Grande do Sul, por exemplo, pode subir 4,01% e chegar a R$ 5,672 mil por hectare. Em Minas Gerais, produzir café arábica poderá custar 6% a mais para o produtor, chegando a R$ 13,594 mil por hectare. Plantar feijão no Paraná pode ser até 9,27% mais custoso: R$ 3,538 mil por hectare.

Com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017, e levando em conta uma série de produtos que integram o cálculo do indicador, a Confederação calculou que o efeito sobre a inflação seria uma alta de 9,5%. Ou seja, sem convênio 100, o IPCA de 2017, que avançou 2,95% e foi o segundo mais baixo da história, teria fechado em 3,23%.

“Assim, caso a proposta avance, comprometerá, além da renda dos produtores rurais e sua capacidade de investimentos futuros, os indicadores macroeconômicos como inflação, taxa de juros, balança comercial, taxa de câmbio e o tão esperado crescimento econômico”, conclui a CNA, na nota técnica.

 

 
Source: Rural

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