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As alunas da primeira turma da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio se reúnem na sede da FDC, em São Paulo (Foto: Divulgação)

 

Teve início neste mês o programa educacional Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio. Idealizado pela Corteva Agriscience em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) e a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), o curso visa estimular o protagonismo feminino no campo.

A iniciativa responde à demanda identificada em recente pesquisa realizada pela Corteva Agriscience com quatro mil produtoras rurais em todo mundo, inclusive no Brasil. Para elas, ter acesso à educação (por meio de cursos de formação ou de atualização) é um dos fatores-chave para que as mulheres conquistem posições de destaque no setor.

Maria Elisa Brandão Bernardes é professora do curso e participou da construção da Academi; A aluna Silvana Marson já toca seu próprio negócio e busca mais conhecimento e novas experiências. (Foto: Divulgação)

 

A primeira turma do programa, em caráter piloto, é formada por vinte profissionais representantes de diversos estados brasileiros. “Essa classe é muito importante porque nos ajudará a aperfeiçoar o modelo para 2020, quando teremos 300 alunas matriculadas”, diz Rosemeire Cristina dos Santos, Relações Institucionais da Corteva Agriscience. “O agronegócio brasileiro é um dos mais competitivos do mundo e milhares de mulheres já trabalham em nossos campos, seja na produção, na administração ou na pesquisa científica. Contudo, elas ainda não recebem o reconhecimento adequado. Precisamos mudar essa realidade e fazer com o que os seus nomes sejam reconhecidos e referenciados pela sociedade”, alerta.

Os idealizadores da Academia apostaram em conteúdos altamente desafiadores, com aulas e atividades que ampliam a visão macroeconômica, estimulam o desenvolvimento de novas competências e promovem o networking. “Vamos atuar fortemente em questões estratégicas, articulações com as esferas públicas e discutir o posicionamento da mulher à frente do negócio”, explica a professora Maria Elisa Brandão Bernardes, que na FDC atua na área de Estratégia, Organização e Modelos de Gestão. “Sou feminista e crítica do cenário atual, então é um grande prazer participar desse projeto”.

Viviane Barreto acredita na evolução da sociedade por meio da transformação profissional; Rosemeire Cristina dos Santos prevê 300 alunas em 2020 (Foto: Divulgação)

 

Para Luiz Cornacchioni, diretor executivo da ABAG, a iniciativa privada, os governos e as entidades de classe devem se esforçar em busca de mais representatividade feminina no agronegócio. Viviane Barreto, diretora de mercado da FDC, concorda. Ela afirma ainda que a equidade de gênero reflete benefícios para os negócios. “O equilíbrio entre homens e mulheres na tomada de decisão gera reflexões mais ricas e isso impacta diretamente nos resultados”, analisa.

Multiplataforma, a Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio é formada por três módulos compostos por aulas online e encontros presenciais – em Brasília (DF), as alunas discutirão a participação da mulher na política e as perspectivas para o Brasil, já em Nova Lima (MG) será a vez de abordar questões de sustentabilidade e governança. “Também teremos um workshop no Instituto Inhotim”, conta Viviane.

O agro está no sangue

Além do amor pelo campo e da busca por mais conhecimento, as primeiras alunas da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio têm em comum familiares atuantes no setor. Cresceram vendo seus pais, suas mães e seus avós lidando com a terra e com o gado. “Meu pai é a minha grande inspiração. Ele adorava a parte comercial. Além disso, sempre coloquei a mão na terra quando visitava meus avós no sítio. Não tem jeito, o agro está no sangue”, conta a engenheira agronômica Silvana Marson, que hoje emprega onze colaboradores na distribuidora Agrícola São João. Ela enxerga no programa uma enorme oportunidade para trocar experiências com professores e empreendedoras de todo o Brasil.

Elaine Guimaraes é o braço direito do pai na fazenda e aluna da primeira turma; Rosi Cerrato: “Quando a mulher fala com propriedade e conhecimento de causa, as pessoas param para escutar e respeitam”, diz a aluna (Foto: Divulgação)

 

Formada em fisioterapia, Elaine Guimaraes largou a clínica para se dedicar ao negócio da família, a Fazenda Santa Helena, localizada Uberlândia (MG). No começo, o jeito foi aprender na prática. “Meu pai me colocou para cuidar da produção de leite, então eu digo que os funcionários foram os meus primeiros professores”, conta. Depois vieram duas pós-graduações – em Gestão de Pessoas e Produção de Gado de Corte. “Mas ainda sinto falta de algo que complemente o meu conhecimento, por isso acredito que essa oportunidade será muito importante. Estou especialmente feliz em poder conviver com tantas mulheres que atuam na mesma área que eu, um setor extremamente masculino”, declara.

Gestora da Fazenda Cerrato, em Barreiras (BA), e coordenadora do evento Bahia Farm Show, Rosi Cerrato acredita que a educação é o melhor caminho para a conquista da liderança. “No começo eu percebia alguns olhares diferentes, mas quando falo com propriedade e conhecimento de causa, as pessoas param para escutar e respeitam”, afirma. A executiva aguarda com especial ansiedade o encontro que acontecerá em Brasília. “A inserção política da mulher que atua no agronegócio é um tema que me interessa muito”.

Luiz Cornacchioni discursa na abertura das aulas (Foto: Divulgação)

 

Silvana, Elaine e Rosi serão diplomadas em outubro, em São Paulo, durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (em 2018, o evento bateu recorde de público com 1.600 participantes). As autoras dos cinco melhores projetos de conclusão de curso terão a oportunidade de ir aos Estados Unidos, onde conhecerão a sede da Corteva Agriscience e fazendas-modelo.
Source: Rural

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