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Chuvas irregulares diminuiram produtividade das lavouras em 10 sacas por hectare, em média. (Foto: Eduardo Monteiro/Divulgação)

 

Produtores ligados a três cooperativas de grãos do sul do Estado de São Paulo visitadas na última semana pelo 16º Rally da Safra venderam menos soja antecipada nesta safra na esperança de que a saca de 60 kg passasse dos R$ 80 registrados em setembro e outubro de 2018. Por enquanto, as esperanças foram frustradas: a saca tem sido negociada a R$ 70 em média.

Pelas projeções da Agroconsult, realizadora do Rally, devido às perdas com irregularidades na chuva e ao forte calor registrado em algumas regiões do Estado, especialmente no sudoeste, a produtividade da soja paulista deve cair de 59 sacas por hectare na safra 2017/18 para 52 sacas na 2018/19 e a rentabilidade por hectare pode despencar de R$ 856 para R$ 392 neste ano.

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Kenji Okamuda, presidente da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, que tem 85 associados, diz que apenas 25% da safra já está negociada ante os 40% da safra anterior. “Quando a saca chegou a R$ 80, o pessoal se animou e decidiu esperar mais alta. Perderam o bonde.”

Paulo Swart, cooperado da Holambra II e um dos  maiores produtores de grãos da região de Paranapanema, diz que normalmente nesta época já vendeu de 35% a 50% de sua soja. Nesta safra, não passou de 30% e agora projeta que o preço vai cair ainda mais. A Holambra II tem 150 cooperados, a maioria descendentes de holandeses.

Oscar Knuppel, da Cooperativa de Cândido Mota, vendeu 40% de sua produção quando a saca atingiu R$ 80. “Deveria ter vendido mais, mas a gente tem sempre uma expectativa de que pode melhorar mais.” A Coopermota tem 2.600 cooperados de grãos no Vale do Paranapanema e par-te do Paraná.

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A Agroterenas, com sede em Itapetininga, foi na contramão das cooperativas. Adilson Luiz Penariol, diretor agroindustrial, conta que a empresa que planta 5.000 hectares de soja em áreas de renovação dos 80 mil hectares de cana e mais 2.000 hectares na renovação com pasto vende normalmente em torno de 30% a 35% da soja até o início do plantio e mais 15% durante a safra. “Nesta safra, entramos no plantio com 60% vendido, em função de acreditarmos numa queda de preço no decorrer da safra, o que acabou acontecendo.”

Perdas

Boa parte dos agricultores relata perda de produtividade devido à irregularidade das chuvas e ao forte calor registrado no plantio da soja precoce e também em dezembro e janeiro.
Luiz Fernando Doneux Junior, descendente de belgas e cooperado da Holambra II, relata uma perda média de 10 sacas por hectare em 1.330 hectares de produção em Itaí, Paranapanema, Avaré e Itapeva. Na safra passada, sua produtividade foi de 65 sacas/ha.

Ele ressalta que a que-bra só não foi maior porque 40% da área de sua produção é abastecida por 16 pivôs de irrigação. Doneux espera, no entanto, um bom fechamento porque aumentou 20% a área de plantio.”

Kenji, de Capão Bonito, cultiva 1.600 hectares de soja na região de Itapeva e Piracicaba e mais 750 hectares de milho safrinha. A maior parte da soja é de sequeiro, com plantio tardio. Devido aos problemas climáticos de dezembro e janeiro, diz, não dá para prever como será sua média de produtividade. Na soja precoce, ele teve áreas com colheita bem irregular: de 57 sacas a 96 sacas. “Vou começar a colher agora a área irrigada, que tem potencial de passar dos 96 sacos por hecta-re”, diz o vencedor do desafio de produtividade do Cesb (Comitê Estratégio Soja Brasil) da safra 2013/14, com 101 sacas/ha de sequeiro.

Sandro José Amadeu, produtor de grãos e superintendente da Coopermota, prevê que a produ-tividade de seus 200 hectares de soja vá cair da média de 60 a 70 sacas para 50 a 55 sacas/ha nes-te ano. “É uma safra de bastante desigualdade porque houve regiões em que choveu bem e outras em que não choveu.”

Claudio Segateli, de Cândido Mota, foi um dos produtores que teve sorte com chuvas na hora certa. Em seus 109 hectares de soja de sequeiro, colheu uma média de 67 sacas/ha. No ano pas-sado, a média foi de 53 sacas. Além do clima ajudar, ele alterou adubação do solo e investiu mais em manejo de pragas.

Rodrigo Furtado, produtor de grãos e cerealista, e Elizana Baldissera Paranhos, ambos da coope-rativa de Capão Bonito, também não reclamam. A soja irrigada de Furtado está rendendo 86 sa-cas/ha e a de sequeiro, 72 sacas. A perda, apenas na cultura sem irrigação, foi de 7% em relação à última safra. “Investi bastante nos últimos anos e esse trabalho se reflete principalmente em anos críticos como esse.” Ele cultiva 2.300 hectares e tem 29 pivôs.
Elizana diz que o veranico de dezembro e janeiro significou mais insolação para os 1.000 hectares de soja que ela cuida na fazenda do pai. “Corrigimos o solo e devemos fechar com médias me-lhores que no ano passado, quando colhemos 83 sacas por hectare.” Metade da área é irrigada.

*A repórter viajou a convite da Agroconsult, realizadora do Rally da Safra
Source: Rural

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