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Empresa verde, selo verde e práticas verdes. O verde é elemento recorrente para identificar ações sustentáveis. Justo. Quando se fala em sustentabilidade, costuma-se pensar majoritariamente no aspecto ambiental. Mas o tripé da sustentabilidade tem outros dois pilares: o econômico e o social.

Nos últimos anos, um dos componentes do pilar social vem ganhando força: a diversidade, que tem presença obrigatória no debate público. “Falar de diversidade é falar de pessoas. O tema já ocupa a agenda estratégica de quase toda grande empresa. É algo que está saindo dos grandes centros e que começa a chegar ao campo”, diz o gerente de diversidade e inclusão da Fundação Espaço ECO, Guilherme Bara. “São as questões de gênero, de raça, de orientação sexual e de deficiência. A formação de uma cultura de respeito pelo diferente é fundamental para qualquer relação e para a criação de um ambiente sustentável.”

 

Na visão de Guilherme, quando bem trabalhada, a diversidade só traz vantagens. Além da cultura de respeito, ela ajuda na retenção de talentos e no entendimento do mercado, porque os próprios clientes de uma fazenda são diversos. “Um cliente do Sul não pode ser igual a um cliente do Norte ou do Nordeste.”

Outro aspecto valorizado nesse olhar para a diversidade é a afirmação. Se existe a cultura de respeito, as pessoas podem se afirmar e ser quem elas são. “As pessoas querem trabalhar em um lugar onde não precisam deixar parte delas em casa. Estou falando da mulher que não precisa se masculinizar para ser aceita, ou de um gay que não precisa se esconder para atender o telefonema do namorado.”

A importância do tema faz o  Fazenda Sustentável valorizar a diferença. “Percebemos que está na hora da diversidade aparecer entre os critérios do Prêmio Fazenda Sustentável. Ela tem de entrar nessa conversa para começar a ser medida”, diz Guilherme. Na edição do ano passado, já houve atenção ao gênero.

 

Dados do censo agropecuário de 2006 (recenseamento mais atual quando foram abertas as inscrições, no começo do ano) concluíram que a proporção de gênero para pessoas ocupadas no campo era de 70% de homens e 30% de mulheres. “Apesar de considerarmos esse panorama do Brasil, pedimos 50% de igualdade”, diz o analista da FEE Renato Arcas. As inscrições de 2017 revelaram que a participação de mulheres foi de 19% e  a dos homens, 81%. O número é idêntico ao que foi revelado pelo censo de 2017, cujos resultados foram divulgados em julho deste ano.

Na edição atual do prêmio, os formulários foram detalhados para entender a estrutura das fazendas. “Queremos conhecer quem está na liderança, quem ocupa uma função administrativa  ou um cargo operacional”, afirma Renato. Outra mudança para a avaliação do aspecto social, implementada neste ano, foram os critérios de raça e de pessoas com deficiência. Num primeiro momento, a ideia é sensibilizar os participantes. “O gênero é mais fácil de ser identificado, a pessoa percebe que só tem homem na estrutura e a ficha começa a cair”, diz Guilherme.

 

A expectativa da Fundação Espaço ECO é que, até o final de 2018, o projeto tenha coligido uma base de dados para comparar a diversidade nas fazendas. “Nosso desafio é fazer isso sair do mundo da paixão e ir para o mundo concreto. Temos muitas estatísticas sobre a diversidade em ambientes coorporativos urbanos. Para o campo, essa é uma referência muito relativa. No fim, esperamos poder ter a primeira referência para medir a diversidade do campo no Brasil.”

Fotos: ©  1 Lalo de Almeida, 2 e 3 Rogerio Albuquerque/ ED.GLOBO

 

 

 
Source: Rural

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