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Desenvolvimento sustentável está entre as premissas para 2030 da ONU (Foto: Fernando Martinho/Ed. Globo)

 

Todo cidadão consciente e preocupado com o futuro da humanidade tem um compromisso arrojado para os próximos anos. Trata-se da Agenda 2030, acordada em setembro de 2015 pelos líderes de 193 países, com o objetivo de criar um planeta mais próspero, equitativo e saudável. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acordados incluem metas em grande diversidade de temas, como erradicação da pobreza, segurança alimentar, educação, saúde, energia, água, produção e consumo sustentáveis, mudança do clima, dentre muitos outros.

Um grande avanço na construção dessa agenda é o fato de que a maioria dos propósitos definidos se complementa e se reforça, para evitar que o progresso em uma área não ocorra às custas de outra. Por exemplo, o aumento da produção de alimentos deverá ser buscado em sintonia com a gestão responsável dos recursos naturais; a expansão da energia renovável de base hídrica se dará respeitando o abastecimento de água das populações; e a proteção dos oceanos não deve sufocar o crescimento econômico e o desenvolvimento nas regiões costeiras.

Maurício Antônio Lopes, da Embrapa (Foto: Reprodução/Embrapa)

É, portanto, necessário que os governos, as empresas, as agências de fomento, os bancos multilaterais, as instituições científicas e a sociedade civil trabalhem em grande sintonia, reconhecendo a interdependência entre os vários objetivos e desenvolvendo competências e roteiros que os permitam navegar no complexo terreno de formulação e melhoria de políticas e estratégias de implementação.

A Agenda 2030 oferece uma grande oportunidade para o Brasil, um país de dimensões continentais que ainda não conseguiu organizar seu processo de desenvolvimento a partir do empoderamento dos municípios, onde a vida da nação, de fato, pulsa. Promover o envolvimento e a liderança dos governos municipais é vital para que o Brasil experimente os benefícios dos ODS, que têm metas direcionadas à melhoria da gestão e ao fortalecimento da credibilidade das prefeituras. Esse é o caminho para que os municípios brasileiros cumpram bem o seu papel na prestação de serviços básicos em favor da promoção da sustentabilidade, em todas as suas dimensões.

Essa audaciosa agenda tem alcance e significado sem precedentes. Ela é aceita por todos e é aplicável a todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Um novo padrão de produção deverá emergir, fortemente focado em boas práticas e entrega de valor à sociedade. O Brasil poderá se destacar nessa missão exatamente no setor econômico que melhor representa a sua competência tecnológica e capacidade competitiva em âmbito global: a agricultura.

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Agricultura e alimentação já estão sendo marcadas de forma profunda pelas mudanças nos padrões de consumo e produção. O futuro exigirá produção de maior diversidade de alimentos, com maior densidade nutricional e atributos funcionais, a partir de tecnologias de baixo impacto, poupadoras de recursos naturais. O Brasil tem experiência, capacidade e base inigualável de recursos naturais para responder a essas expectativas, tornando nossas safras essenciais para a segurança alimentar e nutricional da nossa população e do mundo.

A infraestrutura de pesquisa e inovação, o ambiente regulatório, os investimentos privados e o incentivo público precisam ser estimulados para que o mundo da agricultura e da alimentação no Brasil alcance papel de grande destaque na implementação da Agenda 2030. O Brasil deve almejar essa posição e não há tempo a perder!

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*Maurício Antônio Lopes é engenheiro agrônomo e presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Este artigo foi publicado originalmente em junho de 2018, na edição nº 392 da Revista Globo Rural.

 
Source: Rural

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