Skip to main content

Aplicação de glifosato em lavoura (Foto: Thinkstock)

 

 

 

A suspensão do glifosato no Brasil inviabiliza a adoção de práticas agrícolas consideradas mais sustentáveis, como o plantio direto, e levará a agricultura do país a um retrocesso no manejo da lavoura. A opinião é da vice-presidente da Sociedade Brasileira da Ciência de Plantas Daninhas, Camila Porto.

“Hoje o glifosato é fundamental para o plantio direto. Sem ele, a agricultura brasileira terá que regredir e usar um manejo que não é conservacionista: arar e gradear a terra. Inviabiliza o sistema de produção e de controle de plantas daninhas”, afirmou, durante o XIII Congresso Brasileiro de Ciência de Plantas Daninhas, evento que preside, no Rio de Janeiro (RJ).

Herbicida mais utilizado no Brasil, o glifosato tem sido tema de discussão judicial. No dia 3 de agosto, uma decisão da Justiça Federal, em Brasília, determinou sua suspensão até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dê prioridade à reavaliação toxicológica do produto.

A situação preocupa produtores rurais em todo o Brasil, às vésperas do início do plantio da safra 2018/2019 de soja, principal cultura agrícola nacional. A Advocacia Geral da União (AGU) entrou com recurso e uma resposta ainda é aguardada.

Na semana passada, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que é produtor de soja, divulgou em sua conta no Twitter que a determinação da primeira instância havia sido derrubada. Posteriormente, voltou atrás, desculpando-se por passar a informação incorreta.

Leia também:
>>> Maggi diz que glifosato não foi liberado e pede desculpas por equívoco
>>> Sem glifosato, próxima safra está ameaçada, dizem produtores de soja
>>> 4 dúvidas comuns sobre o glifosato

Crítico da suspensão do glifosato, Maggi chegou a dizer, em outra ocasião, que a safra nova estaria inviabilizada sem o herbicida. E que os agricultores teriam duas alternativas: não plantar soja ou desobedecer a ordem da Justiça.

Em resposta à reportagem de Globo Rural, também na última semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou que a reavaliação toxicológica do glifosato vem sendo feita desde 2008. Alega que ainda não há conclusão sobre a possível relação do herbicida com a ocorrência de câncer

Questionada na Justiça sobre uma “demora” na análise, a Anvisa justifica que o assunto é complexo e leva tempo chegar a uma definição. Defende ainda que, mesmo se ficar claro que o herbicida não tem relação com câncer, as avaliações devem ser constantes, considerando outros fatores.

"É seguro"

 

Nos Estados Unidos, outra disputa judicial colocou mais um item no debate sobre a possível relação entre o glifosato e casos de câncer. A Monsanto foi condenada a pagar uma indenização de US$ 289 milhões ao jardineiro Dewayne Johnson, que teve seu diagnóstico de linfoma Não-Hodgkin ao uso do herbicida.

Dona da Monsanto, a alemã Bayer afirmou que o veredicto está em desacordo com evidências científicas e conclusões de agentes reguladores em todo o mundo. Desde a sentença de Johnson, o número de processos judiciais relacionados ao glifosato saltou de 5,2 mil para 8 mil, segundo informações da própria companhia.

Gerente de Assuntos Científicos da Bayer/Monsanto, Guilherme Cruz, avalia que, independente das questões litigiosas no Brasil e nos Estados Unidos, a visão da empresa é de que o glifosato é seguro e que os casos não têm embasamento científico.

“Estamos aguardando a decisão (da Justiça brasileira), mas a nossa avaliação é de que o produto é seguro do ponto de vista científico”, diz ele.

Gerente de boas práticas agrícolas da empresa, Ramiro Ovejero, lembra que em pelo menos 90% da área plantada com soja na América do Sul é utilizada a técnica do plantio direto. “Só por isso, dá para se ter uma ideia da necessidade do glifosato. Ele é um ferramenta importante para o manejo das plantas daninhas.”

*O repórter viajou a convite da Bayer/Monsanto.
Source: Rural

Leave a Reply