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A projeção da safra paulista de trigo era, inicialmente, de mais de 300 mil toneladas. Com a estiagem, baixou para cerca de 220 mil (Foto: Thinkstock)

A estiagem que atingiu o Estado de São Paulo na semana passada prejudicou “de maneira considerável” as lavouras de trigo paulistas. A análise é da Câmara Setorial do Trigo, ligada ao Sindicato da Indústria do Trigo no Estado, que atravessou cerca de 50 dias sem chuvas significativas. 

A entidade realizou uma reunião na quarta-feira (8/8), em Capão Bonito (SP), onde discutiu a questão. O presidente da Câmara, Maurício Ghiraldelli explicou, em nota divulgada à imprensa, que a projeção inicial para a safra paulista considerava mais de 300 mil toneladas de trigo. Com os dados apresentados por cooperativas durante a reunião, a estimativa baixou para cerca de 220 mil toneladas.

Apesar do volume menor, Ghiraldelli garante que o trigo que será colhido não perderá qualidade, o que deve garantir a liquidez do grão. “Temos construído um histórico muito bom para o setor no Estado. O trigo paulista aumentou muito sua produção e, principalmente, sua qualidade”, disse Ghiraldelli. “Se tem algo positivo é que o mercado internacional está em alta e não tem estimativa de baixa. Mesmo com as perdas no campo, acredito que o produtor será remunerado acima dos níveis da safra passada.”

Trigo no mundo

Além do reporte das cooperativas, a reunião contou com uma apresentação de um executivo da Cofco, trading de produtos agrícolas. Zak Joseph Battat analisou o cenário do trigo no Brasil e no mundo.

Em relação ao cereal paulista, Battat explicou que o seu valor é afetado por duas grandes variáveis: o valor do grão no exterior e o câmbio do dólar. “O trigo mundial tem um viés forte de alta, com produções mundiais muito menores e uma demanda semelhante à do ano passado. Isso faz com que o preço do trigo estrangeiro se eleve. Esse cenário beneficia a produção paulista, pois como esperamos que o trigo internacional suba cada vez mais, assistiremos uma valorização do grão nacional”, explicou o executivo.

Battat também apontou que a Argentina tem buscado novos negócios, atingindo mercados nos quais ainda não tinha penetração expressiva. “Por estar mais barato, o grão argentino passou a ser comercializado em países onde não tinha tanta presença. O país ainda depende da exportação para o Brasil, mas, aos poucos, estamos perdendo o protagonismo nas negociações.”

Este ano, a Argentina tem uma expectativa de produção em torno de 20,5 milhões de toneladas. Para Ghiraldelli, o país precisa ser visto com cautela. “A Argentina dobrou sua área de produção, mas a qualidade caiu. Hoje, os moinhos de São Paulo são dependentes do trigo nacional, pois precisamos dele para moer junto com o grão argentino e compensar essa queda de qualidade.”

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Source: Rural

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