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Embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang: "Como países amigos e bons parceiros, e defensores do livre comércio, demonstraremos toda a vontade de senta para negociar" (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

 

A China tem “toda a vontade” de negociar a retirada de sobretaxas a produtos brasileiros, como o açúcar e a carne de frango. Foi o que afirmou o embaixador chinês no Brasil Li Jinzhang, em entrevista à Agência Brasil. O diplomata ressaltou que, com a ampliação do comércio,é “normal” surgirem problemas desse tipo e defendeu que haja um processo de coordenação entre as autoridades dos dois países.

“Como países amigos e bons parceiros, e defensores do livre comércio, demonstraremos toda a vontade de sentar para negociar e procurar solução para esses problemas”, disse o embaixador.

No ano passado, a China elevou a cobrança de taxa sobre o açúcar importado do Brasil, de 50% para 95%, com redução redução gradual da alíquota até chegar a 85%. A medida desagradou a indústria de açúcar do Brasil, que considerou a possibilidade de pedir a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) para discutir o assunto.

As exportações da commodity caíram significativamente, de acordo com do dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-sul do Brasil. Em 2016, o volume embarcado foi de 2,4 milhões de toneladas. Em 2017, caiu para 333,9 mil e, neste ano, entidade contabiliza embarques de apenas 56 toneladas para o país.

A discussão sobre a carne de frango é mais recente. Em junho, o governo chinês anunciou a imposição de tarifas sobre o frango brasileiro, alegando que o produto chega no mercado do país a preços mais baixos que os praticados pela indústria local. Os chamados depósitos alfandegários variavam entre 18% e 34%.

A indústria brasileira de carne de frango avaliou a medida como um retrocesso na relações comerciais entre Brasil e China. Negou a existência de dumping na carne de frango e manifestou apoio a estudos para embasar questionamentos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A tarifa foi anunciada em meio a um aumento do volume exportado de carne de frango do Brasil para a China. No primeiro semestre de 2018, o volume embarcadoi foi de 210,7 mil toneladas, de acordo com o sistema Agrostat, no Ministério da Agricultura (Mapa). No intervalo de janeiro a junho de 2017, o total tinha sido de 195,2 mil toneladas.

Na semana passada, durante a reunião de cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), o presidente Michel Temer pediu a retirada das sanções ao presidente chinês Xi Jinping. Além de pedir a abertura do mercado para derivados de soja, como óleo e farelo. O país asiático é o maior comprador global da soja em grão.

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Na entrevista à Agência Brasil, embaixador da China em território brasileiro reafirmou a avaliação de que “certos produtos” exportados pelo Brasil chegam ao país com preços menores que os praticados no mercado local. E que, por esse motivos, empresas solicitaram ao governo chinês que “baseado nos regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, avaliassem que medidas antidumping seria possível adotar.

“Existe essa vontade amistosa (de negociar as tarifas), mas é uma questão técnica. Precisa de negociação conjunta entre os órgãos relacionados e especialistas para encontrar uma solução adequada”, disse Li Jinzhang.

O diplomata lembrou ainda que de toda a soja importada pela China no ano passado, metade foi originada no Brasil. E destacou o potencial do comércio bilateral no setor agropecuário. Lembrou, por exemplo, que o país já se tornou um dos principais destinos da carne bovina no Brasil, comprando, no ano passado, 570 mil toneladas do produto.

“O presidente Temer fez uma proposta de exportar mais óleo de soja. Ambas as partes podem aprofundar essa discussão daqui para a frente. Vamos discutir com base nos agronegócios. Acho que esse assunto tem um grande futuro”, disse o embaixador.

Investimentos

Entre as áreas de interesse para investimentos da China no Brasil, Li Jinzhang mencionou, além da agricultura, energia, telecomunicações e ciência e tecnologia. Pontuou, no entanto, a infraestrutura como o segmento mais importante para a cooperação bilateral.

“A área de infraestrutura é a área mais importante de nossa cooperação. O governo brasileiro espera que as empresas chinesas aumentem investimentos nessa área. E o governo chinês também motivará as empresas chinesas a aprofundarem a cooperação nessas áreas”, afirmou.
Source: Rural

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