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Ministros da Agricultura do G20 se reuniram em Buenos Aires (Foto: G20)

 

Os ministros de Agricultura dos 20 países mais desenvolvidos (G-20) criticaram a decisão do governo dos Estados Unidos de retirar-se do Acordo de Paris, e interromper a implementação de sua contribuição á redução das emissões de gases poluentes e em simultâneo fomentar o crescimento econômico e melhorar as necessidades de segurança energética. No documento final, manifestaram preocupação com a crescente onda de protecionismo inconsistente com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). 

“Reconhecemos a importância de contar com um sistema de comércio multilateral transparente e aberto, baseado nas regras estabelecidas pelos membros da OMC, a fim de atingir os objetivos de construir um futuro alimentar sustentável, criar postos de trabalho, erradicar a fome e a pobreza, atingir um crescimento com inclusão , fomentar cadeiras de fornecimento agroalimentares sustentáveis e promoves investimentos agrícolas responsáveis, que são necessárias para potencializar a produtividade do setor e desse modo, lidar com a crescente demanda de alimentos”, disse o comunicado emitido ao final dos dois dias de reunião ministerial, em Buenos Aires.

No documento, os ministros destacam que “ao reconhecer o papel significativo da OMC , acertamos continuar com o processo de reforma das regras comerciais do setor agrícola, conforme o mandato correspondente”. Na declaração, os ministros se mostraram “preocupados pelo crescimento uso de medidas não tarifárias protecionistas incongruentes com as regras da OMC¨.

O documento que inclui os Estados Unidos e a China, protagonistas da chamada guerra comercial, reafirmam “nossos direitos e obrigações estabelecidos nos acordos da OMC, assim como nosso compromisso de basear nossas medidas sanitárias e fitossanitárias nos regulamentos técnicos e nas normas, diretrizes e recomendações interacionais estabelecidas pelos organismos internacionais”, completaram. Foi a primeira vez que os países do G-20 se manifestaram diretamente em um documento oficial contra as medidas do presidente norte-americano Donald Trump de romper com os acordos internacionais.

“O protecionismo não é o caminho a seguir para dar respostas aos desafios do mundo de hoje. A cooperação é uma forma de proteger a paz e o comercio livre é uma resposta correta ás tendências protecionistas que vemos hoje”, detalhou a ministra de Agricultura da Alemanha. Julia Klockner, durante entrevista coletiva á imprensa para comentar sobre o documento. A representante alemã defendeu as regras da OMC e relatou que os debates foram objetivos e diretos.

“Tivemos uma discussão muito honesta sobre não ter medidas de restrição unilateral, como as que estão sendo adotadas. Nosso governo se reuniu com o presidente Donald Trump e falamos sobre a aproximação de nossas nações. Alguns já estão sentindo a pressão destas taxas que estão vindo”, afirmou em referencia á guerra comercial iniciada por Trump ao taxar produtos importados da China e de outros países.

A firmeza do documento final e as declarações dos representes do G-20 foram amparadas no fato de que estes países representam 60% das terras cultiváveis do mundo e 80% do comércio mundial de alimentos e produtos agrícolas. “Esta reunião foi um sucesso porque conseguimos unanimidade sobre diferentes temas da agenda da Agricultura e o principal deles é que coincidimos que é absolutamente necessário um enfoque colaborativo para alcançar um futuro sustentável”, afirmou o ministro de Agroindústria da Argentina, Luis Miguel Etchevehere. Segundo ele, a reunião no âmbito do G-20 está cada vez mais fortalecida como ferramenta para promover discussões e chegar a um consenso, independentemente do contexto mundial.

“Apesar dos ruídos do contexto, todos os ministros tivemos reuniões bilaterais para continuar avançando no livre comércio e deixar de lado as barreiras tarifárias e não tarifarias que impedem o comercio”, disse Etchevehere. Os ministros do G-20 também se mostraram preocupados com a fome mundial que aumentou em 2016 e, atualmente, afeta a 815 milhões de pessoas no mundo e existem 2 milhões que sofrem com a desnutrição.

Sobre o anúncio de Trump de que os EUA não acatará o Acordo de Paris, “os líderes de outros membros do G-20 declaram que o Acordo de Paris é irreversível. Reiteramos a importância de respeitar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos para com a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) em favor de oferecer os meios de implementação necessários, incluídos os recursos financeiros para ajudar os países emergentes em suas ações de mitigação e adaptação conforme os resultados do Acordo Paris”, afirmou o documento.
Source: Rural

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