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Alojamento de pintinhos em maio foi de pouco mais de 462,8 milhões de unidades (Foto: Silvia Zamboni/Ed. Globo)

 

O alojamento de pintinhos de um dia encerrou o mês de maio no menor nível desde novembro de 2009, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base na Apinco, entidade que representa este segmento da avicultura. A produção foi de 462,8 milhões de unidades, 1% a menos que em abril e 11% inferior a maio do ano passado.

“Com a redução do alojamento, a menor oferta de animais para abate pode resultar em reação nos preços internos do animal vivo e da carne”, afirmam os pesquisadores do Cepea, no comunicado, ressaltando que o volume de maio é o dado mais recente disponível.

O Cepea avalia que o movimento reflete a estratégia do próprio setor, de reduzir a oferta no mercado. Segundo os pesquisadores, a carne de frango tem ficado menos competitiva em relação ao que chamam de “carnes substitutas”, e isso reflete na decisão de alojamento.

Representantes da avicultura ressaltam que boa parte dessa perda de competitividade na cadeia produtiva vem do aumento dos custos de produção. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa a cadeia produtiva, fala em aumentos de mais de 60% nos preços do farelo de soja e do milho usados na alimentação dos planteis, considerando um período de julho do ano passado a maio deste ano.

Há também dificuldades na exportação do produto. Segundo a ABPA, o volume embarcado de carne de frango caiu 8,5% e a receita dos exportadores foi 12,3% menor entre janeiro e maio na comparação com o mesmo período no ano passado. O setor sofre restrições de mercados importantes, como China, a União Europeia e Arábia Saudita. A situação afeta o quadro de oferta e demanda e pressiona os preços internos para baixo em um momento de alta nos custos, afetando a decisão de produção.

Greve

Além de já registrar perdas ao longo do ano, no final de maio, a produção de pintos de corte também sofreu os impactos da greve dos caminhoneiros, que durou até o início de junho, acreditam os pesquisadores do Cepea. A falta de transporte prejudicou o movimento nos criatórios e granjas, provocando mortalidade dos animais. Além de interromper o fluxo de matéria-prima e produto, inviabilizou o abastecimento de ração para os planteis.

Nas contas da ABPA, divulgadas já no fim das manifestações, cerca de 70 milhões de aves morreram por causa da greve do transporte rodoviário de cargas. Grande parte, pintos de um dia. Os prejuízos financeiros foram estimados em bilhões de reais.

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Em junho, depois da retomada das atividades no transporte rodoviário, a carne de frango teve alta de preços, de acordo com o Cepea. O movimento foi mais intenso nos primeiros 15 dias, seguido de uma certa acomodação. Ainda assim, as médias no mês passado foram as maiores em 17 meses em termos nominais (sem descontar inflação). Mesmo levando em conta a dificuldade para exportar e o consumo interno desaquecido, que, na visão dos analistas, apenas serviram para impedir altas maiores.

Já nos primeiros 20 dias de julho, o preço de referência para o frango congelado, com base no mercado atacadista de São Paulo, acumula leve baixa de 0,25%. Nesta sexta-feira (20/7) a média do Cepea fechou a R$ 3,94 o quilo do produto. Em meados do mês, o valor de referência chegou a superar os R$ 4 o quilo.

O frango resfriado, também com base no atacado do Estado de São Paulo, tem queda acumulada de 0,26% no período. Comparando com o início do mês, há uma diminuição desse ritmo de queda, que já chegou a superar os R$ 4,3%. Nesta sexta-feira (20/7), a cotação média verificada pelo Cepea foi de R$ 3,88 o quilo.

Ovos

Já o preço do ovo registrou alta nos últimos dias, de acordo com os pesquisadores do Cepea. No município paulista de Bastos, importante polo produtor, a caixa com 30 dúzias do ovo branco teve alta de 1,52% entre os dias 12 e 19 deste mês. O valor médio foi de R$ 70,72. O ovo vermelho subiu 2,8%, chegando a vale em média R$ 77,84 a caixa com 30 dúzias.

Apesar dessa valorização, os pesquisadores destacam, em nota, que ainda há uma elevada disponibilidade de produto no mercado. A situação tem levado o avicultor de postura a conceder descontos nas vendas, reduzindo sua receita e seu poder de compra de insumos como o milho e o farelo de soja, usado na alimentação dos planteis.
Source: Rural

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