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Theo van der Loo, presidente da Bayer no Brasil: “há uma má percepção de que a gente gosta do uso de agroquímicos"  (Foto: Divulgação/Bayer)

Há muitos “mitos” sobre a utilização de agrotóxicos no Brasil, acredita Theo van der Loo, presidente da Bayer no país. Em entrevista ao serviço brasileiro da rede alemã Deutsche Welle, ele argumenta que a agricultura brasileira faz duas safras por ano. Em alguns locais, três. É um dos motivos pelos quais o uso desse tipo de produto no campo “é muito alto”.

“O uso dessas substâncias no Brasil é muito alto porque o Brasil é um grande produtor. Além do país ser grande, tem duas safras por ano, às vezes até três. Na Europa e nos EUA é apenas uma safra por ano. Por hectare, de longe o Brasil não é o país que mais usa agroquímico”, diz ele, sempre usando o termo “agroquímico” ao falar sobre esses produtos.

Van der Loo fez esse comentário ao ser questionado sobre um projeto de lei que trata do registro e comercialização de agrotóxicos no Brasil, em tramitação no Congresso Nacional. Com texto original do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a proposta foi aprovada em comissão especial e irá para o Plenário da Câmara dos Deputados.

Entre as principais alterações, está o banimento da palavra agrotóxico, cujo conceito foi desenvolvido no Brasil pelo pesquisador Adilson Paschoal, um dos maiores nomes ligados à pesquisa em agroecologia no país. Outro ponto polêmico é a concentração no Ministério da Agricultura da competência de aprovar princípios ativos a serem usados no campo.

Defensores das mudanças na atual legislação, principalmente entidades ligadas ao agronegócio, indústria química e parlamentares da bancada ruralista, dizem que é preciso reduzir o tempo de liberação de novas moléculas no país. Segundo eles, com os processos levando ao menos oito anos, há o risco do produto estar obsoleto quando for liberado.

Na entrevista à Deutsche Welle, van der Loo reforça esse argumento, ao ser perguntado sobre o fato do Brasil utilizar produtos que já foram retirados do mercado em outros países.

“Tem um pouco a ver com o atraso de aprovação das novas moléculas, então para o Brasil também não é bom esse atraso”, diz o executivo. “O ideal é acelerar a aprovação de novas moléculas para podermos retirar as mais antigas”, acrescenta.

Entre os críticos das mudanças na legislação, estão ambientalistas, famosos e até mesmo órgãos do governo, como o Ibama (Meio Ambiente) e Anvisa (Vigilância Sanitária, ligada ao Ministério da Saúde). Eles argumentam que a proposta em discussão no Congresso levará a um aumento dos riscos ambientais e para a saúde humana, relacionado ao uso de agrotóxicos. E favoreceria o que consideram uma entrada indiscriminada de novos produtos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta caso o Brasil aprove a lei. Em carta ao governo, a organização afirma que o país pode descumprir com sete convenções internacionais ao sancionar a nova legislação.

Do ponto de vista da indústria, Theo van der Loo diz que a tendência é exatamente a contrária: a de se usar menos produtos químicos. À Deutsche Welle, o presidente da Bayer no Brasil, a evolução tecnológica está levando a uma precisão maior de aplicação no campo.

“Há uma má percepção de que a gente gosta do uso de agroquímicos. Nós queremos o uso responsável”, garante. “Com a digitalização das lavouras é possível descobrir pragas mais cedo e agir sobre elas sem precisar colocar o químico em todas as plantas”, explica, acrescentando que são feitos estudos sobre quantidades aplicadas e resíduos.

Theo van der Loo deve deixar em breve o comando da Bayer no Brasil. Ele será substituído pelo catalão Marc Reichardt, que já trabalhou na divisão brasileira da empresa como Chefe de Operações, entre 2006 e 2013.

A multinacional alemã deve começar entre os meses de julho e agosto a efetivar o processo de integração coma Monsanto, empresa americana adquirida por US$ 67 bilhões. Falta apenas concluir a venda de ativos para a Basf, exigência de autoridades de defesa da concorrência.
Source: Rural

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