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A variedade, prevista para ser lançada em 2020, será resistente a herbicidas (Foto: Divulgação/Biotrigo)

Uma variedade de trigo resistente ao herbicida que combate ervas daninhas específicas da cultura está sendo desenvolvida no Brasil. A nova cultivar não é um Organismo Geneticamente Modificado (OGM), informam os pesquisadores. Ela foi selecionada por meio de técnicas de melhoramento convencional. “A planta não foi modificada. Por meio de um processo simples de laboratório, um gene é colocado na planta, e ela é levada ao campo e passa a ser observada”, explica Alim Bicalho, gerente para cultivos de arroz, milho e trigo da Basf. A empresa fez parceria com a gaúcha Biotrigo para desenvolver essa nova variedade e cederá uma tecnologia já incorporada à sementes de arroz.

Segundo o executivo, esse melhoramento convencional leva muito mais tempo para começar a mostrar resultados em relação ao método que modifica a planta, por isso a expectativa de lançamento do produto é para 2020. “Como é preciso observar no campo qual planta resiste ou não ao herbicida, são anos de experimentos. O início do desenvolvimento dessa variedade, inclusive, começou há cerca de três anos”, diz.

A variedade promete ser adaptada para as condições do cultivo que ocorre no Sul do Brasil, principalmente nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, os maiores produtores do país. Mas Bicalho garante que, após o lançamento, outras variedades podem ser desenvolvidas e lançadas de acordo com as condições de outras regiões do Brasil.

Apesar de ser novidade para a cultura do trigo, a tecnologia utilizada, chamada de Clearfield, já é velha conhecida dos produtores de arroz no país. Há cerca de 15 anos, ela foi concebida pela Basf para combater plantas invasoras nos arrozais e ajudou a retomar a semeadura nas áreas em que a infestação de ervas daninhas impedia o cultivo. Segundo a empresa, atualmente a tecnologia é adotada em mais de 80% das áreas de cultivo da cultura no país.

“Essa variedade vai dar à planta resistência a uma classe específica de herbicidas, que por sua vez controla as principais plantas daninhas na cultura de trigo”. Esse herbicida específico já foi produzido e registrado pela Basf, mas só será comercializado após o lançamento da nova cultivar.

Segundo Bicalho, muitos agricultores estão tendo problemas com a persistência de dois tipos de ervas daninhas que acontecem na cultura do trigo: o azevém (Lolium spp) e nabo (Raphanus spp). “Estima-se hoje que entre o Rio Grande do Sul e o Paraná existam de 400 mil a 500 mil hectares com esse azevém resistente a outros herbicidas. Nosso objetivo é que o agricultor tenha um manejo cada vez mais efetivo dessas áreas com infestação. Assim, ele evita a competição da erva daninha com a cultura, e pode ganhar em produtividade e rentabilidade”, diz.

A exportação da tecnologia também é uma possibilidade, segundo ele. “Pretendemos desenvolver para outros países, também. A Argentina, por exemplo, tem mais de 5 milhões de hectares de plantações de trigo. Mas isso sempre depende muito da análise dos problemas que os agricultores argentinos, ou de outros países, enfrentam”, explica Alim Bicalho.

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Source: Rural

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